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Conheça uma história de trabalho e muita dedicação

Luiz Otávio Soares, juntamente com sua família, residem em Encruzilhada do Sul, a 137 kM de Porto Alegre. A família, que não era do ramo do agro negócio, viu a oportunidade quando dona Ana, mãe de Luiz Otávio, casou-se novamente com seu Luiz, que tinha uma propriedade de 30 hectáres, onde produzia eucaliptos. “Na época, o plantio de eucalíptos era muito forte na região de Encruzilhada do Sul, Canguçu, Dom Feliciano e Marau. Seu Luiz trabalhou 7 anos em Canguçu plantando eucalipto. Ele fazia a empreiteira e tinha funcionários.”

Em 2011 dona Ana começou a trabalhar em uma empresa de leite pateurizado, em Encruzilhada do Sul, onde trabalhou por 3 anos.Trabalhou também em outros empregos,mas nada a agradava. “Minha mãe sempre foi uma pessoa com talento para cozinhar, faz muitos doces. Foi aí que ela decidiu ir para fora fazer quitutes para vender”, comenta Luiz Otávio.

Foi aí então que começou a sua história com o leite. Dona Ana comprou 3 vacas de leite, uma era ordenhadeira. Com o leite ela produzia queijo, ambrosia, doce de leite, pão e ainda criava alguns frangos, porém, por causa da fiscalização, dona Ana teve que parar de produzir seus doces caseiros.

A família, que já tinha uma boa estrutura, tendo 5 vacas em lactação, resolveu então conversar com um vizinho, que entregava leite para a empresa Dália. “Nós tiravamos o leite, colocavamos nos tarros e levavamos todos os dias para o resfriador do nosso vizinho, que fica aproximadamente 10 kM da nossa propriedade. Levamos o leite durante 1 ano e meio”, conta Luiz Otávio.

Após esse tempo, a família conseguiu um contrato com a empresa Dália, e a partir daí, a empresa foi crescendo e seu Luiz acabou desistindo do plantio dos eucaliptos para ajudar sua esposa com a produção de leite na propriedade. A família também já introduziu o gado de corte.

Luiz Otávio conta que ele e sua mãe faz parte da primeira geração de agricultores da cidade e por isso, tudo o que sabem foram aprendendo no dia a dia, trabalhando, pois não havia ninguém que os ensinassem as técnias e o que era certo, ou errado. “Meu padrasto tinha mais conhecimentos com maquinários, trator e outros. Ele trouxe um trator do plantio de eucalipto que ajudou muito. Começamos então a comprar maquinários, bem devagarinho, depois entramos para a associação do leite. Lá tem alguns equipamentos que se pode utilizar junto com a associação como, ensilhiadeira, plantadeira, semeadeira, isso tudo através do grupo do leite”. Dona Ana pretende chegar em 50 vacas em lactação.

Luiz Otávio, que hoje estuda agronomia, conta que não foi fácil abrir mão de algumas coisas para poder estudar. “Graças a Deus está dando tudo certo. Hoje em dia, já estamos conseguindo trabalhar melhor. Por eu ter mais conhecimento, hoje já aumentamos nossa escala de produção. Estamos começando a entrar mais na parte técnica na propriedade. Acredito que daqui 10 anos vamos ter outra propriedade.”conta Luiz.

Luiz Otávio diz que ainda não sabe se continuarão com o gado leiteiro futuramente, por ser um trabalho que exige muita atenção e cuidado. “Fazem 12 anos que minha mãe não passeia, pois vive para o trabalho, mas é doloroso. A questão do preço também é complicado. Insumos cada ano mais caros e o leite, as vezes está com um bom preço, por exemplo, em 2019 e 2020, pagavam R$0,80 à R$0,90 centavos o litro do leite. A ração na mesma época era R$0,50 à R$0,60 centavos o quilo. Hoje recebemos pelo litro de leite R$2,20 e a ração está R$3,50 o quilo. Conseguimos ver a diferença no valor”. Outros produtos, como a ureia, sementes, lona, diesel, peças para trator, peças de ordenha, fios de choque, também tiveram uma alta no valor.

Hoje dona Ana conta com o auxílio de uma pessoa para ajudar nos trabalhos, incluindo seus filhos mais novos. Luiz conta que ele agora está fazendo um estágio na cidade de São Gabriel, e além disso, trabalha em Candelária, para complementar sua renda e não depender somente de sua família. “Minha mãe trabalha de domingo a domingo, não acho justo eu ficar dependendo dela. Também tenho que trabalhar, fazer o que puder, porque minha mãe é a pessoa que faz tudo por nós. Nunca nos deixou faltar nada, uma mulher de tirar o chapéu”.

A família adquiriu em 2020, canhões com tubulação para irrigação. Eles pretendem comprar  um pivô, mas devido a seca, ainda analizam essa hipótese, pois acaba se tornando inviável. O gado está cada dia mais desvalorizado e o preço dos produtos, cada vez mais alto. “Devido a seca que prejudica muito, e as coisas como estão indo, no preço em que estão, o gado desvalorizando bastante, se tornando mais inviável, a gente ‘chora junto com as vacas’. É contas, comidas estragando, animais adoecendo, nós nos apegamos aos animais, passamos horas com eles. As vezes desanima mas não podemos desistir”, comenta Luiz Otávio e complementa “Minha mãe, quando ia começar, falou com o maior produtor de leite da região. Ele falou para ela que não ia dar certo. Hoje ela é a maior produtora de leite de Encruzilhada do Sul. Minha mãe estudou até a 4ª série e agora, em dezembro, vai formar o filho mais velho, agrônomo. Queria estar ajudando ela agora, mas ela quer que eu termine meu estágio”,finaliza Luiz.

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