A goleada sofrida para a Argentina por 4 a 1, na noite de ontem, escancarou o que muitos já suspeitavam: o Brasil está longe de ser o tão aclamado “país do futebol”. Se esse título um dia foi nosso, hoje parece pertencer aos nossos rivais, que deram uma aula de futebol coletivo e tático, vencendo com autoridade e sem piedade.
Ver a Seleção sendo engolida em campo, levando um nó tático desde o primeiro minuto, foi difícil de digerir. Mas, talvez, essa derrota acenda um sinal de alerta na CBF. Ou será que estamos iludidos e, na verdade, eles estão confortáveis com essa situação?
CBF sem rumo desde a Copa de 2022
Desde a saída de Tite, ao fim da Copa do Mundo de 2022, a Confederação Brasileira de Futebol tem dado sucessivas demonstrações de falta de planejamento. O presidente Ednaldo Rodrigues garantiu, com todas as letras, que Carlo Ancelotti seria o novo técnico da Seleção. O problema? O próprio italiano precisou ir a público, em Madrid, para desmentir qualquer possibilidade de deixar o Real Madrid. Um vexame institucional que já indicava que não havia plano algum para a reconstrução do time.
Sem opções, a CBF fez uma escolha absurda: Fernando Diniz. Não pela qualidade do treinador, mas pelo fato de ele seguir no comando do Fluminense, dividindo suas atenções. O técnico da seleção pentacampeã do mundo simplesmente não tinha tempo para ser, de fato, o técnico da Seleção Brasileira. Sem surpresas, Diniz caiu tanto na Seleção quanto no Fluminense.
A bola, então, passou para Dorival Júnior. Nome experiente e com trabalhos sólidos no futebol brasileiro, mas completamente inadequado para a Seleção.
Dorival: sem convicção e perdido em campo
Os primeiros jogos de Dorival no comando da Seleção mostram um time sem identidade, sem padrão tático e sem confiança.
Falta de convicção tática: Dorival não consegue implementar um esquema de jogo coerente. O meio-campo é um desastre: Joelinton, Bruno Guimarães, André e outros parecem se trombar em campo, sem função definida. Não há apoio na saída de bola, não há marcação eficiente.
Dependência exagerada de Neymar: Sim, a ausência de Neymar pesa, mas um ano depois da lesão ainda usar isso como desculpa é um absurdo. O técnico tenta encaixar Rodrygo, Raphinha, Paquetá, mas ninguém rende. Isso porque não há um plano B, não há criatividade para construir um time competitivo sem sua principal estrela.
Jogadores sem vontade: o peso da camisa se perdeu
Se Dorival e a CBF têm culpa, os jogadores também têm. A Seleção Brasileira parece, cada vez mais, um trampolim de marketing e status, e cada vez menos um sonho ou um compromisso real. Falta vontade. Falta brio. Falta alguém que lembre o elenco do que significa vestir a camisa amarela.
Dentro de campo, a marra dura até o apito inicial. Depois disso, ninguém chama a responsabilidade.
Futuro sombrio: mudanças urgentes ou mais fracassos?
A tendência é que tempos ainda mais difíceis venham por aí. O cenário só pode melhorar se houver mudanças drásticas:
Dorival precisa sair, e a CBF deve buscar um treinador que respire Seleção Brasileira.
A Confederação precisa de comando, com um presidente que tenha convicção e pulso firme.
Os jogadores precisam entender que Seleção não é vitrine, é compromisso.
Do jeito que está, o Brasil seguirá apenas assistindo às Copas do Mundo. E sem conquistar nada.