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Brasil alcança a liderança mundial nas exportações agrícolas

O Brasil continua sua trajetória de sucesso como o maior exportador agrícola do mundo, consolidando ainda mais sua posição. Além de já liderar nas vendas de café verde, carne bovina, frango in natura, celulose, soja em grão e açúcar, o país agora se tornou o maior exportador de milho, superando os Estados Unidos.

As expectativas para 2024 são igualmente promissoras, com o Brasil projetado para ultrapassar os americanos também na produção de algodão, ocupando a terceira posição no ranking mundial, atrás apenas da China e Índia. Com uma colheita em crescimento constante, o Brasil está no caminho para se tornar o maior exportador de fibra de algodão do mundo, desbancando os Estados Unidos.

Essa liderança é resultado de uma combinação de fatores. No mercado interno, o Brasil tem quebrado recordes consecutivos na safra de grãos, impulsionado pelo aumento da produtividade nacional. Tecnologias como o plantio direto, a irrigação e o melhoramento genético dos cultivos permitem que os agricultores brasileiros colham até três safras agrícolas por ano na mesma área.

Além disso, a quebra de safra nos Estados Unidos e na Argentina devido a condições climáticas adversas, bem como a guerra na Ucrânia, contribuíram para essa conquista. A redução da oferta por parte dos principais produtores abriu oportunidades para o aumento das exportações da abundante safra brasileira.

Essa ascensão no cenário global do agronegócio foi destacada no último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, datado de 12 de setembro. De acordo com o documento, o Brasil exportou 57 milhões de toneladas de milho, superando os 42,29 milhões de toneladas dos produtores americanos na safra 2022/2023, que compreende o período de agosto a julho. Para a safra atual, o USDA projeta exportações de milho de 55 milhões de toneladas para o Brasil e 52,07 milhões para os Estados Unidos.

No setor do algodão, as previsões são igualmente animadoras, com as vendas externas da safra 2023/24 dos Estados Unidos estimadas em 2,67 milhões de toneladas, apenas 100 mil toneladas acima dos volumes exportados pelo Brasil (2,57 milhões de toneladas). Nesse mesmo período, a produção brasileira de algodão deverá alcançar 3 milhões de toneladas, superando os Estados Unidos (2,859 milhões de toneladas).

Quanto à produção de milho, na safra 2022/23, o Brasil alcançou uma produção total de quase 132 milhões de toneladas, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Com a recuperação da produtividade nos Estados do Sul e do Mato Grosso, a safra foi 17% maior do que a do ano anterior, que já havia sido recorde.

“Esse aumento da produção tem impulsionado as exportações brasileiras”, afirma Tiago Pereira, assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

A produção de algodão no Brasil, após enfrentar desafios como a praga do bicudo, passou por transformações significativas nos últimos anos. Até a década de 1980, o Brasil era exportador de algodão, com a fibra sendo cultivada em pequenas propriedades de São Paulo e Paraná e colhida manualmente. Hoje, o país está prestes a superar os Estados Unidos na produção, segundo o USDA, com uma produtividade de 1.900 quilos por hectare, mais do que o dobro da dos Estados Unidos (900 quilos por hectare).

No caso do milho, as perspectivas são igualmente favoráveis. “No médio prazo, não há competição à altura, somos os líderes”, diz Glauber Silveira, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho). Segundo ele, até 2050, o Brasil poderá produzir 400 milhões de toneladas de milho por ano, impulsionado pelo aumento da área de plantio e ganhos de produtividade.

Enquanto os Estados Unidos podem ter ganhos de produtividade a curto prazo, suas possibilidades de expansão de área são limitadas, uma vez que a ampliação do cultivo de milho exigiria a redução da área de soja. “A área e a produtividade no Brasil não têm limites, e se os preços melhorarem, muitos produtores que não cultivam milho na segunda safra começarão a fazê-lo”, conclui Silveira.

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