Hoje a minha coluna é diferente das habituais. Não é sobre tática, esquema ou desempenho, mas sobre o que há de mais vergonhoso no futebol brasileiro: a arbitragem. E o Grêmio vem sendo uma das principais vítimas desse escândalo nesta edição do Campeonato Brasileiro. O episódio mais recente aconteceu contra o Bragantino, quando o zagueiro Kannemann foi expulso injustamente ainda no primeiro tempo, após o árbitro Lucas Casagrande interpretar uma suposta agressão — algo que as imagens jamais comprovaram. E o VAR, comandado por Gilberto Rodrigues Castro Júnior, sequer recomendou revisão.
Mas o pior ainda estava por vir. Aos 53 minutos do segundo tempo, o VAR resolveu aparecer: após chute de Praxedes, a bola desvia no braço de Marlon — braço colado ao corpo, movimento natural — e mesmo assim o pênalti foi marcado. Um lance interpretado de forma absurda, que garantiu a vitória do Bragantino, deixando o Grêmio mais uma vez no prejuízo. E esse não foi um caso isolado, a lista de erros é longa. Gol mal anulado contra o Santos, pênalti ignorado diante do Flamengo, agressão não revisada contra o Vitória, lances polêmicos em dois Gre-Nais e expulsões injustificáveis — o torcedor já perdeu as contas. Não se trata mais de erro pontual, e sim de um padrão que interfere diretamente na campanha gremista.
Após o jogo, Marlon desabafou: “O Grêmio vem sendo roubado e muito prejudicado. Devem ter tirado de 16 a 17 pontos da gente.” E ele está certo — com uma arbitragem justa, o Grêmio poderia estar melhor colocado na classificação do campeonato, com cerca de 40 a 43 pontos, talvez 10 pontos a mais do que o time tem nesse momento.
Diante de tudo isso, o torcedor precisa reagir. Não adianta apenas reclamar nas redes sociais. É hora de boicotar o sistema: parar de consumir os produtos da CBF, deixar de assistir jogos de outros clubes e dar audiência apenas ao seu time. Essa seria uma forma clara e pacífica de protestar contra o descaso e a falta de transparência.
O futebol brasileiro vive uma crise moral. Não basta afastar árbitros após erros grotescos — é preciso qualificar o quadro de arbitragem, profissionalizar o sistema e dar credibilidade ao esporte. O que está em jogo é muito mais que resultados: é a paixão do torcedor, o respeito ao clube e a dignidade do futebol.
A CBF precisa entender que o produto “futebol brasileiro” está perdendo qualidade, emoção e, principalmente, confiança. E enquanto isso não mudar, o torcedor seguirá sentindo que o placar final não é decidido apenas dentro de campo.
Foto: Imago/Sports Press Photo