Tornam-se presente as tragédias do amanhã. Não se cansam de alardear as próximas que virão. E pouco se faz para preveni-las, até vir a próxima e nos lembrar da anterior durante a contagem de mortos e feridos.
É preciso estancar essa sequência de acontecimentos trágicos causados pelas chuvas, como o recente ocorrido no litoral norte paulista em pleno carnaval. Os mais atingidos são sempre os desamparados por governos e sociedade. Na verdade, não são os eventos climáticos que matam, é a perversidade de um sistema que empurra famílias carentes para as encostas de morros sem oferecer alternativas de uma moradia mais segura.
O volume de chuvas históricas que caíram no litoral paulista destruiu dezenas de vidas e expôs outra tragédia, a desigualdade social. Não bastassem as dificuldades que as famílias de baixa renda têm para enfrentar o seu dia-a-dia, elas são vitimadas também pelo preconceito por sua condição social. Os trabalhadores dos condomínios de luxo moram nas áreas de risco porque a elite não os quer por perto.
É necessária uma reeducação de parte da população mais privilegiada e uma política habitacional que priorize os mais necessitados, principalmente nas 40 mil áreas de risco mapeadas em todo o país. O Brasil precisa aprender que vidas humanas importam, independente da classe social.
A solidariedade civil e o novo governo federal demonstram ser possível ter esperança por tempos melhores em um país que por 4 anos foi governado por um presidente que se exibia de jet ski enquanto uma tragédia parecida enlutava o estado da Bahia.
Diferente da (não)gestão anterior, o atual presidente Lula deslocou-se rapidamente para o local da tragédia e, junto ao governador e prefeito da cidade mais atingida, anunciou um plano de construção de moradias populares em parceria com a prefeitura. Além disso, foram deslocados para a área do desastre 374 militares do Exército, com 42 viaturas e 6 aeronaves para resgate e monitoramento. O navio-patrulha Guarujá, da Marinha, atracou na terça passada no porto de São Sebastião com 40 toneladas de alimentos. Hoje foi a vez do Navio-Aerodromo chegar no porto com 300 leitos de enfermaria e especialistas em ortopedia, psiquiatria, traumatologia e clínicos gerais.
Há muito a fazer na prevenção, comunicação e socorro em tragédias como essa, mas é inegável e positivo o esforço que os governos federal, estadual e municipal realizaram em conjunto no enfrentamento dessa tragédia.