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As letras e a subjetividade da diversidade sexual

As lutas do movimento LGBTQIA+ começaram com o movimento gay, eclodido contra as frequentes repressões policiais no bar Stonewall, em 28 de junho de 1969, em Nova York. Foi no bairro Castro, São Francisco, EUA, com a morte do ativista Harvey Milk que se deu a primeira parada do Orgulho Gay, num contexto de violência e estigmatização com a Aids, em 1978. As lésbicas demoraram um pouco para entrar. E chegando nos nossos atuais tempos, paulatinamente novas letras e posições diante da percepção de gênero e de orientação sexual foram se revelando:

  • L: (Lésbica): referente ao desejo e relacionamento homoafetivo feminino.
  • G: (pelo pioneirismo no movimento, além de dizer da relação homoafetiva entre homens, tem significação genérica à homossexualidade).
  • B: (Bissexual): é quem sente atração e se relaciona com ambos os sexos. Freud postulou que todos somos potencialmente bissexuais, num viés não biologista, pela identificação com pai e mãe.
  • T: Transgênero, Travesti e Transexuais: o T foi assumindo essas significações, na qual a percepção de gênero difere do que o biológico definiu.
  • Q: Queer: indicativo de que alguns sujeitos estão em matizes de experiência com sexualidade e identidade de gênero, questionamento, mudando com o tempo. Conceituação da neo-foucaultiana, Judith Butler, calcada no viés de inconsciente freudiano.
  • I: Intersexual: termo relativo às pessoas que nasceram com dupla genitália, fora do binarismo masculino e feminino. Esse é uma questão que desafia aos pais que ficam no dilema de decidir ou deixar a definição para o filho (O Filme Argentino “XXY”, com Ricardo Darín, aborda a questão).
  • A: Assexual: são emergentes no movimento. Têm um nível de sublimação que dispensa a consumação do ato e alguns só carícias, beijo, outros nem isso.
  • N: Não-binário, que está além do convencionado como masculino e feminino.
  • P: Pansexual: aqueles que são atraídos e podem se relacionar com as demais “letras”, uma forma mais ampla de possibilidade que a bissexualidade.
  • +: Traz uma abertura ainda maior, incluindo variações de gênero e sexualidade, tais quais o não desejo de viver relação romântica (arromantismo) e o culto de várias relações ao mesmo tempo, o poliamor.

Todas as letras ainda podem ser combinadas com a orientação sexual: cada uma pode se perceber como tal, mas orientar sua prática sexual como outra. Essas manifestações são afirmativas da necessidade de simbolização e preconceitos que todos sofrem. O sujeito é o que imaginariamente acha que é, disse Lacan no “Seminário do Eu”.

Num país que retoma a democracia em tudo, inclusive nas questões de direitos civis, sociais e humanos da comunidade em questão, “A 16ª parada de lutas de Porto Alegre” vem com o tema: “A luta continua”. A comunidade avança, não ficando apenas nos guetos onde resistiram, ocupando espaços públicos como a Redenção, a Orla do Guaíba, na Parada, e, com ineditismo, uma praça: A Praça Brigadeiro Sampaio vem se caracterizando por ser um espaço acolhedor das diferenças. Agora é a vez do movimento LGBTQIA+ que será contemplado de várias formas: tanto no empreendedorismo na feira, com artesanato, brechós, gastronomia, literatura e divulgação de eventos musicais, teatrais e culturais. E o Lazer cultural do evento vai dar uma mostra do que é próprio da comunidade, fazendo uma festa linda e afirmativa de ocupação de espaços na cultura e no trabalho. Teremos a arte própria e afirmativa da noite com as dublagens e performances. E um concurso, nessa modalidade, que elegerá a Rainha e as princesas do Primeiro Baile em Praça Pública do movimento LGBTQIA+.

A festa contará com o Show da cantora reconhecida no meio: Ilse Lampert.

Este espaço será aberto também às intervenções das lideranças que lutam por políticas públicas contra os preconceitos, homofobia, transfobia, buscando direitos humanos em todos os campos, sobremaneira na integração no trabalho e demais direitos sociais e individuais.

FEIRA E BAILE DA DIVERSIDADE NA BRIGADEIRO SAMPAIO.

1º DE JULHO DE 2023, DAS 15h ÀS 22h.

DIREÇÃO GERAL: Prefeita da Praça Brigadeiro Sampaio, Marivane Anhanha.

DIREÇÃO DE EVENTO, PRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO: Gaio Fontella.

APOIOS INSTITUCIONAIS:

  • A Primeira Feira e Baile da Diversidade, dia 1º de julho, na Praça Brigadeiro Sampaio”. O evento conta com o apoio institucional do governo do Estado, SMC-Governança e Descentralização e da Organização da Semana de Lutas e Parada de 2023.

(Gaio Fontella, psicanalista, idealizador e Diretor artístico e cultural do evento).

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Gaio Fontella
Gaio Fontellahttps://realnews.com.br/category/opiniao/blog-do-gaio/
Gaio Fontella (Psicólogo, psicanalista, graduado e pós-graduado pela UFRGS, comentarista e produtor do “Café com Análise”, no Youtube.
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