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AS DIVISÕES E ROTINAS CRIADAS PELO SISTEMA, MANTÉM O POVO PRESO E SEM EXPECTATIVA

Entre todas as coisas que contribuem para a situação de crise que vivemos, econômica  e moral, uma das mais evidente é a falta de expectativas ou esperança, como queiram. Digo isso, porque é cada vez mais comum as pessoas – o brasileiro médio – está desacreditado em um futuro de prosperidade para sua família. As muitas facetas do sistema tem logrado êxito com sua maior e mais eficaz armadilha, “a rotina do isolamento“.

Estamos presos em uma roda de hamster, a qual giramos cada vez mais rápido e focados, usando todo o vigor de nossas forças, movimentando a roda para que essa energia gera a riqueza que alimenta as camadas mais altas da sociedade, ou castas brasileiras, lideradas por oligarquias políticas e sustentadas pelos intocáveis do judiciário. Mas por que afirmo que estamos presos em uma roda? As evidências estão diante de nossos olhos, por esta razão não enxergamos, uma vez que o melhor lugar para esconder algo é expondo-o, a melhor forma de ocultar a verdade é fazendo com ela parecer uma mentira, o que virou uma especialidade da imprensa brasileira.

Todo brasileiro médio, tem sua rotina robotizada diariamente sem nem mesmo imaginar como seria sair dela, acordamos pela manhã, com sorte tomamos café antes de sair de casa, para ir apressados e honrar o compromisso de chegar no trabalho no horário, trabalhamos pela manhã com vigor, mesmo tendo que enfrentar as limitações e descaso do transporte público coletivo nas muitas cidades do Brasil, isso por simplesmente não temos opções, ou usamos os ônibus e trens lotados ou não temos como se deslocar, ponto para o sistema! 

A tarde, após a refeição limitada e apressada, que faz o indivíduo deixar ali naquele momento um pouco da sua saúde física e mental, onde a refeição do meio dia, passa ser um momento de pressa e não de prazer. No final da tarde retornamos aos navios/transportes públicos, evidenciado nossa função social para o sistema que é somente a mão de obra descartável e barata. Esgotados, em casa nos deparamos com uma realidade limitada, passamos então a pensar nas faltas existentes do orçamento para arcar com as contas de energia, água, aluguel ou aquele financiamento que entramos, na ilusão de até o final da vida ser donos de nossas casas. Aliás, outro ponto para o sistema! Convencer o brasileiro médio que estas moradias básicas, sem nenhuma atração, é o que devemos adquirir e pagar o financiamento, caridosamente dado pelo governo, assim ficamos 20 ou 30 anos presos na obrigação de pagar algo de baixa qualidade com preços absurdos. Isolado dos centros da cidade (por que coincidentemente os condomínios financiados pelo governo são cada vez mais isolados e afastados, porque será ?), onde não raro temos que fazer inúmeros reparos e obras para deixar em condições dignas. 

O mais interessante é que esses financiamentos absurdos “dados ao pobre”, que ficam em seus tripalium (termo que deu origem a palavra trabalho que significa tortura, Latim), para pagar as prestações decrescentes, estes valores do pobre são os recursos (especulação financeira de longo prazo) usados para subsidiar grandes condomínios, esses sim, com apartamentos com sacadas, churrasqueiras, quadras esportivas, espaços kids, espaço gourmet, piscinas, garagens, playground infantil…, e mais inúmeros instrumentos que trazem qualidade na moradia e para seus proprietários, claro que em alguns casos, há um quarto para o empregado, as vezes aquele mesmo que paga o seu carnê de 30 anos, que possibilitou a construção do local onde trabalha e assiste uma rotina de vida ideal, o qual sonha em ter um dia, no melhor modelo que faria Karl Marx espirrar suas revoluções. 

Somada a essa rotina está a separação do brasileiro com o povo, isso porque vivemos separados, fracionados em categorias criadas para dividir e conquistar. Estamos distantes, ocupados cada um em seu egoísmo tentando sobreviver, somos um país de esquerdas e direita, homens e mulheres, pretos, brancos e índios, heteros e homossexuais (e suas muitas definições), somos os ricos contra os pobres, o patrão contra o empregado, o bonito e o feio, o corpo perfeito contra o corpo real, o carro popular contra o carrão zero, somos todos iguais dividindo o mesmo espaço, se tivéssemos unidos por uma só vontade, seríamos melhores. Mas o objetivo do sistema é separar, dividir e individualizar cada um, deixando todos presos  em sua dificuldade particular, fazendo com que não haja tempo para pensar, para ver onde estamos, para que não exista no pensamento a vontade de acesso à educação, lazer e cultura. 

A ousadia da interferência de pessoas comuns não é tolerada pelo sistema, por isso no Brasil  não há heróis, não existe referências positivas, por que aqueles que ousam lutar contra o sistema para quebrar a roda que mantém o povo cansado, são ridicularizadas ou desacreditado pelo mecanismo do mau. No Brasil, nossos personagens históricos são esquecidos ou distorcidos, nossas referências culturais são promíscuas ou malandras, não temos referências, como outros países, MAHATMA GANDHI, MARTIN LUTHER KING, LINCON, VOLTAIRE e tantos outros pelo mundo que estudamos e aprendemos a admirar, ignorando nossos personagens domésticos de igual valor. Não por acaso o Brasil não permite a ascensão de personalidades negros, por exemplo, isso porque uma liderança negra no país mobiliza as grandes massas, um perigo para um sistema que se alimenta há mais de um século de exploração do trabalhado e do pobre. 

GOT-É preciso quebrar a roda que causa a opressão e escraviza o povo mais fraco.

Crises passam, como regra de um crescimento moral e material para a sociedade, no Brasil aguardamos isso há anos, pois temos passado por várias crises ao longo de nossa curta história. Ainda estamos presos em nossas rotinas e só vamos sair dela quando admitirmos estar presos, e quando o povo mais frágil e trabalhador aprender a valorizar aqueles que são iguais a eles, não os que estão em castas superiores, assim poderemos em um futuro ter a ousadia de pensar em dias melhores e voltar ter esperança na prosperidade através do trabalho e crescimentos pessoal e coletivo. Isso é quebrar a roda. 

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Rodrigo S. de Souza
Rodrigo S. de Souzahttps://realnews.com.br/
Comentarista, Bel. Direito, Advogado, Sociólogo e Político.
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