Encerramos um ano marcado por desafios político-ambientais e avanços preocupantes da extrema direita, mas também por balanços que alimentam a esperança de mudanças em direção a um mundo mais democrático e inclusivo. Quero compartilhar aqui como tenho contribuído para minha comunidade LGBTQIAPN+.
Como psicanalista lacaniano, com base na linguística, aposto no significante “Movimento” e no verbo “movimentar” como eixos das lutas sociais. Para mim, esses termos têm mais potência do que “partido” — que já carrega em si a ideia de divisão (par-ti-do). No entanto, reconheço que mesmo os movimentos enfrentam desafios e divisões, especialmente na busca pela não partidarização das lutas.
Minha militância se ampliou nos últimos anos, especialmente com a idealização e produção da Feira Baile da Diversidade, realizada na Praça Brigadeiro Sampaio. O evento, que já caminha para sua terceira edição em 2025, só foi possível graças ao apoio da prefeita Marivane Ahanha Rogério, do Orçamento Participativo (OP) e do FESTURIS, uma das maiores feiras de turismo da América Latina, que abriu espaço para o turismo inclusivo da diversidade sexual.
A Feira Baile também foi divulgada na maior Parada do Mundo, a de São Paulo, e, em parceria com a Parada de Luta LGBTQIA+ de Porto Alegre, fiz a curadoria da exposição DiversidARTE. Destaco a obra inédita do saudoso Fernando Baril, inspirada na Parada Gay de Nova York em 1991, que foi o ponto alto da mostra. Além disso, tivemos os troféus Sylvinha Brasil, homenagem a essa querida figura que apresentou a Parada ao lado de Roberto Seintenfus. As 12 peças em cerâmica, de arte contemporânea, foram confeccionadas pelo Mestre Rodrigo Nuñes e seus alunos da UFRGS, fortalecendo o elo entre ativismo e arte.
Meu ativismo também me levou ao espaço LGBTQIA+ do FESTURIS, onde compartilhei a trajetória do movimento gaúcho e recebi o convite para participar da Parada de Santa Cruz. Lá, fui palestrante no Fórum deste ano, abordando a saúde mental da diversidade e divulgando o empreendedorismo da Feira Baile, que promete ser um polo de inovação em 2025. Planejamos ampliar redes, apresentar casos de sucesso, startups e negócios que cruzam fronteiras culturais.
Buscar maior coesão no movimento LGBTQIA+ é, de fato, um ideal utópico. Contudo, tivemos momentos de união em 2024, como no Dia do Orgulho, celebrado em 28 de junho na Esquina Democrática. O ponto alto foi o debate com o secretário da Reconstrução, Emanuel Hassen, em que discutimos as demandas urgentes, especialmente após o impacto das cheias de maio.
Mesmo diante de um cenário desafiador, a esperança permanece viva. Sob a liderança de Lula e com um governo de frente democrática, enfrentamos o desafio de equilibrar o arcabouço fiscal sem descuidar do social. O aumento de 130% na eleição de representantes LGBTQIA+ — 225 pessoas em relação ao ano anterior — foi uma vitória significativa contra a homotransfobia em um país que ainda é o mais violento para nossa comunidade. Em Porto Alegre, conquistamos uma bancada combativa e colorida, com Giovani Culau, Natasha Ferreira e Athena, que fortalecem nossa luta pela reconstrução.
Que 2025 seja um ano de cores, luzes e conquistas libertárias. A diversidade sempre será a força que liberta daqueles que perpetuam preconceitos e opressões.
Feliz Ano Novo a todos, todas e todes!