Caso o presidente Lula se candidate para mais um mandato, a alta no preço dos alimentos, se não controlada, pode inviabilizar sua reeleição.
As semelhanças entre os governos Biden e Lula
A idade foi importante para Joe Biden abandonar a disputa para mais um mandato como presidente dos Estados Unidos, no meio da campanha eleitoral. Mas, teve outro fator importante: a inflação. A economia, com alguma semelhança com a do Brasil, segue aquecida, a taxa de desemprego idem.
Porém, a sensação que as famílias americanas têm é que estão trazendo menos alimentos para a casa. O que foi determinante para a saída de Biden do jogo e a derrota de sua vice e substituta na corrida à presidência dos EUA, Kamala Harris para Donald Trump.
O governo Lula vive um momento parecido: o resultado do PIB do ano passado só será conhecido em março próximo, mas a economia tem surpreendido os economistas, trimestre a trimestre, com números relativamente bons.
O mesmo acontece com a taxa de desemprego: o trimestre encerrado em novembro fechou com a menor taxa de pessoas que estão desempregadas da série histórica, iniciada no ano de 2012: 6,1%.
Carrinho do supermercado quase vazio
Por outro lado, a inflação dos alimentos tem corroído o poder de compra dos brasileiros, principalmente, daqueles que recebem até um salário mínimo. Que é o caso da maioria das pessoas.
Ontem, o governo anunciou um plano para diminuir o aumento do preços, baixando as taxas de importação para alimentos que estão mais caros no Brasil. O que de imediato, gerou ruído com o agronegócio. Setor que já não é muito simpático ao governo.
Especialistas apontam que fatores internos e externos corroboram com o aumento dos preços dos alimentos. Entre esses fatores, estão a falta de responsabilidade do governo com as contas públicas.
Ou seja, o governo gasta mais do que arrecada. Isso implica em desconfiança do mercado e a desvalorização da moeda brasileira, frente ao dólar americano. Como o Brasil é um importante exportador de alimentos, essa desvalorização da moeda, acaba impactando no mercado doméstico.
Outros fatores são os conflitos na Ucrânia e Palestina, além das mudanças climáticas.
Para Lula o problema é a comunicação
Os números do PIB e da taxa de desemprego são suficientes para Lula acreditar que o governo tem entregado muito, mas, a Comunicação não consegue chegar às pessoas.
Essa semana a jornalista Vera Rosa escreveu em sua coluna no Estadão, que, Lula reclamou com ministros no Palácio do Planalto que falta cartazes de divulgação dos programas do governo nas cidades. E que o governo estava refém dos algoritmos. (?)
Ou seja, o governo Lula 3 quer repetir o 1 e o 2, insistindo em programas requentados como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, ou o novo – mas, com cara de velho – Pé de Meia; que já não causam grande impacto nas famílias que ascenderam à classe media e querem que o governo entregue mais. Além disso, a inflação corrói qualquer possibilidade de ganho real.