A história política brasileira da maneira que é narrada em nossa mente se confunde com acontecimentos marcantes ou trágicos na trajetória para a construção de um País, mas nem sempre é assim, pois a persistência de uma vontade coletiva constrói uma transformação perpétua e sem valor no tempo.
Esta semana, exatamente no dia 06 de junho completam-se oito anos da manifestação dos 20 centavos que incendiou o país, tal mobilização teve como elemento deflagrador o anúncio de reajuste das passagens de transporte público feito pelas prefeituras e governos das principais cidades do país.
Foram vários dias consecutivos alcançando várias capitais brasileiras além do eixo Rio São Paulo, onde em dias diversos 100 mil pessoas em cada cidade participaram das manifestações, chegando na Capital do País com cenas históricas de jovens ocupando a Praça dos Três Poderes e a rampa do Congresso Nacional, lembrando que Brasília não reajustou as passagens nos transportes públicos; em todo o período de 06 a 20, houve manifestações em 438 cidades do país com apoio e participação perto ou superior de dois milhões de pessoas.
Durante este movimento ,ouvimos e assistimos pela primeira vez em tom de ataque aos bens públicos e instituições financeiras a inserção das táticas de blacks blocs por parte de manifestantes isolados e de grupos constituídos. Esse conjunto de técnicas de desobediência civil, herdadas do movimento autonomista alemão da década de 1980, trouxe o revide governamental de forte repressão policial em extremo rigor para uma restauração de ordem.
O que começou com 20 centavos , virou pedidos contra a corrupção e fez surgir uma grande insatisfação com a casta política, que não conseguiu com suas representações atender demandas da população. Não foi poupado qualquer eixo politíco, direita, esquerda ou centro, pois, o que se pensava no início em SP que era um movimento da esquerda, descortinou se como grande movimento popular apartidário. Neste contexto a nova direita ganhou força para um futuro espaço político com surgimento do Mídia Ninja, MBL e Vem para a Rua.
Para os desavisados o movimento de junho , fez o governo federal criar o” Mais Médicos”e melhorou o Sistema Único de Saúde (SUS) .
Também tivemos comparações com a Copa do Mundo e seus gastos e uma antipatia pela imprensa , já que a mesma sofreu agressões e censura no exercício profissional durante os protestos, sendo alguns vitimilizados com pedras ou balas de borrachas, enfim a violência em desproporcional ação, fez ter se uma desmobilização de quem pretendia em tom pacífico exigir as mudanças nos investimentos de saúde, segurança e educação.
Ressalto o quanto foi importante a participação das redes sociais que em movimentos independentes conclamaram a população a participar e este novo método silencioso, foi aceito e praticado, trazendo surpresas em todo cenário político partidário que não entendia a nova ferramenta de comunicação.
Enfim tivemos em 2015 outros movimentos como a greve dos caminhoneiros, que aumentaram ainda mais a divisão de ideologias no Brasil , que também trouxe reflexos na nossa economia, mas como 2013 que foi um marco de um grande apelo e cobrança do povo brasileiro , não conseguiu ensinar aos governantes de qualquer posicionamento político, como atender o seu povo em suas necessidades em prol de um país melhor.
Sobre o Autor : Advogado , Jornalista e Observador Político
Sobre : Eduardo na Política – Coluna voltada a reflexão política,definição de termos políticos e história política
Instagram : @eduardonapolitica e-mail: eduardonapolitica@gmail.com