A situação das nossas forças armadas na geopolítica mundial atual

Com a sequência de ações e atividades na geopolítica mundial e a evidente formação de dois blocos opostos no mundo, de um lado as democracias ocidentais e do outro o bloco das ditaduras, algumas pessoas devem estar se perguntando: o Brasil está preparado para uma eventual guerra? Ou em que lado o Brasil está?

Pois esta pergunta está cada vez mais na cabeça do brasileiro, já que nosso país se vê em um dilema colossal. Após anos de negligência nas forças armadas, nos deparamos com um problema que vai além das péssimas condições dos nossos equipamentos. Não é por descuido de nossos militares, mas pela idade dos mesmos. A grande maioria de nossos equipamentos está ultrapassada. Um exemplo são nossos conhecidos caças F-5, adquiridos dos EUA em 1970, que ainda continuam voando em nossos céus. Claro, foram modernizados, mas ainda não competem com outros caças, como os Sukhoi 30 operados pela ditadura na Venezuela. Alguns vão se perguntar sobre os Gripen. Sim, o Brasil comprou, mas são apenas 36 aeronaves para um país com dimensões continentais.

Outro problema enorme, e talvez pior ainda, seja na marinha, que irá aposentar cerca de 40% de suas embarcações de superfície, como fragatas e navios de escolta marítima. Vamos suprir essa perda com 5 novas fragatas que estão sendo construídas em nossos estaleiros. O problema é que temos 14 milhões de quilômetros quadrados de Amazônia Azul, nome dado à costa pertencente ao Brasil. De fato, é um número de meios marítimos muito abaixo do necessário para cuidar e manter a soberania de nosso país, além de mais 4 submarinos novos e um de propulsão nuclear que estará disponível para a marinha por volta de 2035.

No exército, não é diferente. Para se ter uma ideia, o Brasil tem cerca de 500 blindados de guerra, sendo M62 Patton e Leopard 1, ambos ultrapassados da década de 1960. Fora nossas forças de artilharia, que também estão nas mesmas condições, com a maioria ultrapassada.

Além de todas essas dificuldades enfrentadas, nos vemos em um dilema geopolítico, pois nossos parceiros comerciais, em sua maioria, estão ligados à China, país do qual faz parte do bloco das ditaduras. Mas nossos equipamentos e doutrina militar estão totalmente ligados ao ocidente e aos padrões da OTAN. Além disso, estamos passando por um problema na nossa principal empresa de defesa, a AVIBRAS, empresa de altíssima importância estratégica para o Brasil, que tem projetos de muita tecnologia, como um míssil de cruzeiro, tecnologia que poucos países detêm, e que está passando por um problema financeiro. O governo brasileiro observa a situação e não faz nada.

Essa empresa está prestes a ser vendida para uma empresa chinesa. Logo, podemos ver o tamanho do problema: uma empresa nacional de altíssima importância e com projetos de altíssima tecnologia sendo negligenciada, assim como todas as outras camadas da defesa.

Em resumo, o Brasil, não só como governo, mas como povo, precisa ter mais conhecimento e noção de que um país sem uma força armada forte fica extremamente vulnerável a problemas que poderão surgir num futuro breve. Por mais que o Brasil não esteja em guerra com ninguém, a guerra poderá chegar às nossas portas. Precisamos estar minimamente preparados para enfrentá-la, caso seja necessário, para manter nossos interesses como nação soberana.

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Everton Kisner jr
Everton Kisner jr
Professor, Historiador militar, Especialista em geopolítica.

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