Parece que tudo no Brasil está se transformando em polêmicas e debates, em um mundo virtual, palavras e imagens tiradas do contexto ofendem, agridem e geram julgamentos precipitados, situação infelizmente cada vez mais recorrente no cotidiano. O cuidado com palavras e imagens que podem, em tese, causar desconforto com narrativas criadas para causar polêmicas e debates agressivos, têm invadido instituições de ensino e se estendido para os tribunais parciais das redes sociais, onde a Lei é os embalos de sábado à noite (…), sim porque algumas pessoas acharam nas redes a oportunidade de fazer a justiça do seu jeito, tornando isso um programa de final de semana. As redes sociais viraram a nova inquisição, julgam sem saber e conforme seus próprios conceitos, que geralmente são influenciados por narrativas, termos e frases de efeitos modistas, não é à toa que esses inquisidores, geralmente jovens imaturos detentores de todo o conhecimento e experiência do mundo no auge de seus vinte pouco anos [ironia], estão aptos a agir em nome da sociedade.
Esta pequena introdução se trata da indignação de alguns leitores mais centrados, que questionam um fato ocorrido na cidade da praça do avião, em um ambiente acadêmico um professor admirado por maioria de seus alunos e discípulos, principalmente por suas aulas provocativas e socráticas (O princípio básico do método socrático é que os estudantes aprendem por meio do uso de pensamento crítico, raciocínio e lógica), com um histórico de alta relevância na formação de bacharéis. Como muitos professores, que adotam uma linha de ensino acadêmico que faz pensar, debater, interpretar e assim tornar o aluno um ser crítico.
Em suma, a questão polêmica se deu pelo uso de uma imagem (desenhos) para expor a ideia de violação de direitos (…) e provocar os alunos a pensar e debater, entretanto o uso da imagem de alguma forma foi vinculada com “apologia a violência sexual” saindo totalmente da ideia do debate proposto (…). Não quero neste momento entrar no mérito da imagem ou do significado que possa ter, isso porque conforme informação, o Prof. teria admitido o uso inadequado delas, sem que os alunos tivessem antecipadamente entendido o objetivo do exemplo para o debate. Em sequência, teriam ocorrido diligências pela instituição, assim como pelo próprio professor que ao se deparar com a polêmica se desculpou por qualquer mal-entendido ou possíveis ofensas.
A partir daí convido o leitor a reflexão, com maturidade pra ajudar nessa análise. É preciso entender e deixar claro que qualquer tipo de apologia a violências é recriminável e condenável, sobretudo a violência à intimidade e sexual, não há dúvida do consenso sobre esse tema. A discussão sobre uso de imagens, temas e mecanismos para o ensino é o que assusta. Em tese, uma escola e principalmente um ambiente acadêmico é um espaço produtivo de debates e ideias, onde se espera maturidade dos alunos para esses ações – logicamente há limites, mas o aprendizado a partir da provocação das mentes ansiosas pelo saber é o que se presume em uma turma de aula, contudo o que se vê é o contrário, as instituições estão repletas de ideologias, observações e de julgamentos com base em narrativas e discursos raivosos sem espaço para explicações, no Brasil parece que pré-julgar é a regra e meta dos militantes acadêmicos, que aguardam um erro, equívoco ou mal-entendido dos professores já tão limitados por um sistema que não aceita o contraditório ou desenvolvimento crítico – só não vê quem não quer, uma geração toda influenciada pelo imediatismo da punição sem freios, arquitetada e executada pelo tribunal da internet e seus leões e leoas. Concordo que as imagens (após verifica-las) não foram adequadas quando não explicadas, mas afastando o falso moralismo somos expostos e consumimos imagens e vídeos em TV aberta diariamente bem piores e mais depreciativas, sem nenhum barulho, Seria esse protesto seletivo?
O que surpreende no caso acima, é a facilidade de taxar pessoas como criminosos repulsivos (tratando-se de abusos ou crimes sexuais), sem levar em consideração o caso fático ou histórico dessas pessoas. É POSSÍVEL QUE UMA IMAGEM, TORNE UMA PESSOA ESTUPRADORA? Sendo um episódio infeliz em uma vida de décadas de docência – ou ainda, é possível que uma tentativa de provocar alunos a debater de forma adulta e madura sobre um tema torne uma pessoa criminosa? O que aconteceu para que jovens se tornassem tão raivosos e intolerantes. Talvez o esforço de interpretar algo seja tão difícil ou está tão distante das academias, que é mais fácil pensar pelas narrativas e pelo julgamento antecipado.
Os questionamentos fariam deste texto uma exposição de incentivo à violência? Acredito que não! Mas como mencionado, estamos em um caminho perigoso, já estamos vivenciado e observado restrições de pensamentos, limitações de manifestações e mesmo as inacreditáveis prisões por “crimes de opinião’ (…). Os acadêmicos e futuros gestores e operadores de nosso sistema estariam tão sensíveis e ao mesmo tempo tão indiferentes com o que tem ocorrido neste país?
Reitero que o uso de imagens ou qualquer menção que deprecie homens ou mulheres é errado, não há discussão sobre isso, mas alimentar o ódio e criminalizar pessoas por questões não esclarecidas é preocupante em um estado democrático.
Como destacado, apologia a violências é inadmissível, mas a exposição de pessoas e qualificá-las como criminosas seria uma injustiça e violência? O Estado como instituição está tão falho, que jovens com acesso a rede social conseguem averiguar, julgar e condenar uma pessoa, sem mesmo sequer saber do fato concreto ou intenção do debate? A necessidade de criar e alimentar polêmicas e “lacrar” é maior que o bom senso? Pessoas não têm direito de falhar ou cometer erros/equívocos?
São perguntas para refletir e não provocar, chegamos ao incrível nível de educação/ensino que é necessário explicar analogias e metáforas para jovens adultos, isso também é preocupante. Sobre a questão legal envolvendo o docente, cabe as autoridades averiguar e se necessário aplicar as medidas legais na sua proporção, é o que se espera de uma sociedade organizada.
Por fim, o exercício do pensamento nasce com questões a serem exploradas e respondidas, aos professores desejo sorte na árdua e cada vez mais difícil tarefa de ensinar fora da cartilha, aos alunos desejo o crescimento intelectual e uma tão esperada maturidade cada vez mais escassa nessa geração. No final encerro com a informação que provocou a reflexão, o fatídico episódio ocorreu em um curso de direito, talvez isso explique os tempos nebulosos que presenciamos e nos dê uma noção dos tempos que estão por vir.
Essência
NÃO OLHE PRA CIMA
Ainda que os controladores da mídia tradicional ignorem as manifestações pelo Brasil, as pessoas estão realmente preocupadas com os rumos que os protestos e as constantes ameaças de paralisações de caminhoneiros podem gerar, cada vez mais brasileiros vão às ruas, e os representantes políticos permanecem calados como se não houvesse uma crise social no país. No Brasil é assim se espera as tragédias para depois dizer que poderiam ser evitadas.
PIRATINI EM HARMONIA
Nada como uma transição tranquila, o governo gaúcho elabora a inédita transição de governo de forma exemplar, o governador eleito Eduardo Leite, debate com todas as frentes as melhorias e propostas a serem adotadas no seu projeto de gestão. Uma fórmula que gerou bons frutos na sua última gestão, o diálogo com todos os partidos e ideologias, um exemplo dos gaúchos que deveriam servir como façanha de modelo para toda a terra.
CANOAS NOS TRILHOS
Parece que o governo do Prefeito Nedy Vargas, finalmente tomou seu caminho, as indefinições em relação ao prefeito afastado deixava o vice-prefeito em uma situação de gestão precária, contudo o que se vê agora é uma gestão Nedy, que vai tomando forma e começa a apresentar resultados, melhor para o cidadão que acumulava reclamações e faltas de serviços adequados. Os desafios ainda são muitos, mas o gestor fez as mudanças que necessitava para poder administrar a cidade, esperamos o melhor para os canoenses já tão prejudicados.