Vivemos nos últimos quatro anos no meio de mentiras, sendo a mais englobante, o uso dos fascistas da democracia para reivindicar o direito de destruí-la, ficando impunes. A sociedade civil vem sendo convocada a se posicionar nos seus conselhos, organizações e instituições coerentes com suas práxis.
A OAB do DF repudiou o terrorismo em Brasília, pedindo responsabilização aos que nele atuaram ou se omitiram. Com isso, deu exemplo coerente à categoria: Impossível pensar que, advogados que conhecem a Constituição, possam encontrar uma ética na defesa do vandalismo fascista que vivemos. A vida, valor maior, tem sido desinvestida no campo da saúde, com o que vimos no desmonte do SUS, nos descasos, corrupção, na pandemia e agora na doída revelação do genocídio dos Yanomamis.
Quanto às Forças Armadas: no artigo 142 fica bem claro que, dentre suas funções, primordial é a defesa das instituições democráticas. O que, na desrealização terrorista, bolsonarista, sofre uma deturpação, uma incoerência, buscando chancelar seus atos antidemocráticos e golpistas. No mesmo artigo, visto com lucidez, temos o aval de que o presidente Lula tem o poder, e está tendo, de tê-las sob sua autoridade, para que cumpram a defesa do Estado, garantindo a lei e a ordem.
Trabalhadores do Serviço social seriam coerentes em apoiar a política assistencialista eleitoreira de Bolsonaro na reta final? E os médicos que defendem a privatização da saúde, que, de modo negacionista, apoiaram o “kit Covid”, com Cloroquina e ivermectina? (Hipócrates se vira no túmulo contra os hipócritas que fizeram seu juramento).
E no campo filosófico-religioso? Cristão de verdade discrimina, defende tortura a destruição do meio ambiente, dos direitos individuais, sociais e humanos? Por exemplo, não é coerente com o Espiritismo apoiar um “líder trevoso” cujas características Kardec, marcou como a forma de seu discurso (no caso de Bozo: Chulo, cruel, preconceituoso e sem empatia com a dor, com mortos de covid e com a fome que ele resgatou).
Nós, psicólogos, temos como grande princípio de nosso código de ética, lutar contra toda a forma de opressão e discriminação. Isso nos coloca num campo diametralmente oposto à lógica e prática destrutiva e preconceituosa do fascismo. E, para os psicanalistas, vale lembrar o que Lacan frisa no seu seminário da Ética: “O que não podemos pecar é em deixar de ceder ao desejo”. Porém, o desejo não é da ordem do gozo mortífero, mas do que cabe na civilização, sem abrir mão da lei.
A mentira que sustentou todos os golpes, desde o impeachment de Dilma, o engodo da Lava Jato, para tirar Lula do páreo em 2018, precisa ser tratada com aposta de que alguns sujeitos podem acordar desse transe ou que a lei os contenha. Ainda, uma psicoeducação deverá ser articulada nos currículos de história, com debates nas universidades que retomam a democracia na escolha de seus reitores, graças a Lula.
Mário Quintana disse que “quem nunca se contradisse, no mínimo está mentindo”. Isto faz parte do humano, mas no limite no qual o que é da lei, da coerência com a democracia, não seja ultrapassado de modo perverso e mentiroso.
A psicanálise, no trabalho clínico, busca a palavra verdadeira, escutando e pontuando a formações do inconsciente, que revelarão o que é do desejo. Como empréstimo para pensar o que é grupal e social, escutamos o sintoma claro de perversão da ordem, de negação do que é instituído, apostando que a união democrática, com rigor da lei, se estabeleça.
Para isso, a pedido de Lula, o ministro da Justiça, Flavio Dino, está articulando a Guarda Nacional. Este dispositivo vai resguardar a segurança e a integridade dos prédios públicos, fiscalizar as redes em relação a manifestações antidemocráticas, proteger fronteiras e os estados.
Enfim, com o fim da verdade encoberta pelo sigilo de cem anos e o combate firme às mentiras, ao terrorismo, nossa democracia promete se consolidar com avanços em todos os setores, com máxima coerência com os princípios constitucionais.