Cuidem das suas filhas. Recentemente, a vida da influenciadora Bia
Miranda e seu companheiro Gato-Preto tem ganhado cada vez mais
repercussão nas mídias sociais. O convívio íntimo do casal é
recorrentemente exposto e evidência uma relação extremamente
problemática, sendo cercado de traições, agressões físicas, verbais e
psicológicas.
Apesar dos episódios de agressão e abusos envolvendo a vida da
influencer e seu companheiro chocarem a internet, a realidade das
relações afetivas no Brasil revelam o oposto.
O caso de Bia e Gato-Preto é um nítido reflexo da sociedade atual. A
sutil inversão de valores morais ocorrida gradativamente ao longo de
décadas, consolidou a noção de que o ruim também pode ser
belo…Aliás, é por vezes preferível ou tratado como ideal; por isso,
cuidem das suas filhas.
Além da aceitação do imoral, idealizamos e romantizamos o
impróprio. Boa parte da cultura produzida no Brasil exalta a figura do
homem “malandro” – por vezes criminoso – que, em razão de suas
práticas trapaceiras, seu comportamento descolado e contrário ao
sistema, está rodeado de mulheres.
O repulsivo e abominável passou a ser alvo de admiração. Mulheres
passaram a comportar-se como Bia e homens almejam ser e viver como
Gato-Preto.
A conjuntura atual tem os traços de seu criador. Tal como o filho se
assemelha ao pai, o discurso libertino e a revolta entre os sexos
promovida nos anos 60 é responsável por gerar mulheres como
Bia e homens como Gato-Preto. A Revolução Sexual culminou na
completa subversão dos moldes que tinham por finalidade a
cooperação entre os sexos.
Hoje, há mulheres que buscam alcançar os olhares dos piores sujeitos.
Paralelamente, há homens que veem as mulheres como meros
instrumentos para a simples satisfação de seus prazeres. No fim, os
pensadores dos anos 50/60 “a frente do tempo” apenas geram
retrocesso ao disseminar suas filosofias libertinas. Agora, o decadente
é cobiçado.