Mais uma eleição se aproxima no Grêmio, e como de costume, surgem os messias de plantão com soluções mágicas para os problemas do clube. O mais recente? Marcelo Marques, dono da Marquespan e aspirante à presidência do Tricolor, que promete “comprar” a Arena por R$ 100 milhões. Só que prometer, meus caros, é fácil. Cumprir, é outro jogo.
Vamos aos fatos, porque aqui não tem lugar pra ilusão: conforme foi noticiado na coluna do jornalista Jocimar Farina da GZH, o custo real para que o Grêmio assuma a gestão total da Arena não é de R$ 100 milhões, mas sim de pelo menos R$ 350 milhões. Isso inclui dívidas com a Revee (que comprou os créditos do Santander e do Banco do Brasil), valores ainda devidos à Arena Porto-Alegrense, e claro, os custos gigantescos que vêm com a manutenção de um estádio moderno.
Mas não se trata apenas de dinheiro. A gestão de um estádio requer planejamento, competência, profissionais técnicos e uma estrutura complexa. Hoje, quem segura esse rojão é a Arena Porto-Alegrense. Se o Grêmio quiser assumir tudo, também herda despesas com segurança, manutenção, operação de eventos, além de renegociar dívidas que ninguém quer assumir com um sorriso no rosto.
E é exatamente por isso que essa promessa soa tão conveniente. Fácil aparecer em ano eleitoral com um discurso heróico, empacotar um sonho em cifras mágicas e vendê-lo como solução definitiva. Difícil é dizer como isso vai se sustentar, quem vai pagar a conta, e quais serão os impactos financeiros a longo prazo para o clube.
A pergunta que o torcedor deve fazer não é “será que ele consegue comprar a Arena?”. A verdadeira questão é: “Que tipo de gestão essa promessa representa?” Porque de boas intenções, como diz o ditado, o inferno está cheio. E o Grêmio não pode se dar ao luxo de embarcar em mais um delírio político com impacto milionário.
Prometer a compra da Arena sem apresentar um plano sério, transparente e financeiramente viável é brincar com a paixão do torcedor. Mais do que isso: é transformar o futuro do clube em moeda de troca eleitoral.
Portanto, caro torcedor, desconfie do discurso empolgado. Analise os números. Questione a estratégia. Porque a história do Grêmio merece ser escrita com responsabilidade, e não com promessas de campanha embaladas em pão quentinho.