O que aconteceu na premiação da Bola de Ouro escancara, mais uma vez, que o futebol deixou de ser um reflexo popular e cultural. O fato de Vinícius Junior não ter sido coroado como o melhor jogador do ano, enquanto Rodri levou o prêmio, revela o medo e a incoerência que a elite do futebol tem em relação à luta e à liberdade de expressão. A “premiação de melhor do mundo” se tornou, na verdade, um recado para silenciar a batalha que Vini Jr. enfrenta diariamente, a coragem de peitar o racismo de frente e de insistir em um combate que já deveria ter sido vencido há tempos. Mas o que vemos aqui é um lembrete de que essa luta está apenas começando.
O resultado desta premiação ignora a realidade: Vinícius foi o pilar dos títulos do Real Madrid na última temporada, vestiu a camisa 7 e carregou o time nas costas em momentos decisivos. Ele tem história, talento, representatividade, e, por tudo isso, é um ícone para muitos, mas, para a elite que controla o futebol, ele parece ser o “moleque” que incomoda, aquele que se recusa a se calar.
Por muito menos, já vimos Lionel Messi, Modric e outros levarem o mesmo prêmio, o que só mostra que os critérios são tão maleáveis quanto convenientes. E o critério aqui é claro: abafar a voz de um jovem negro que luta para que outros não passem pelo que ele passou – e passa.
O mundo está com você, Vini, porque todos sabem quem é o verdadeiro craque do ano. E isso, até o Rodri reconhece.