Marco Alba: derrotado nas urnas, mas tentando vencer no “tapetão”

As eleições de Gravataí sempre foram acirradas, mas o que estamos testemunhando agora é mais do que uma disputa política: é um ataque ao processo democrático. O parecer do Ministério Público, apresentado logo após a apuração dos votos, soa não apenas estranho, mas profundamente suspeito. Estaria o MP em conluio com o candidato derrotado Marco Alba? Não seria a primeira vez que vemos a tentativa de reverter uma eleição no “tapetão”, depois que as urnas falaram claramente.

Vamos aos fatos: o Ministério Público alega uma série de supostas irregularidades na campanha de Luiz Zaffalon. Uso da máquina pública, doação de bens, publicidade institucional fora de prazo… A lista de infrações é extensa, mas as provas, convenhamos, são frágeis. Muito frágeis. Baseiam-se em prints de WhatsApp, postagens de redes sociais e depoimentos dúbios que, por si só, não sustentariam uma condenação séria. Não há ata notarial para validar essas “provas digitais”, e mesmo o próprio perito contratado pela defesa foi claro: prints podem ser manipulados. O que o MP está tentando vender como evidência robusta mais parece uma construção precária de conjecturas.

E o mais curioso: por que esse parecer só surge logo após a apuração dos votos? Se as irregularidades eram tão claras e gritantes, por que o Ministério Público não as denunciou antes, durante o processo eleitoral? Parece que Marco Alba, derrotado nas urnas, encontrou um novo caminho para tentar virar o jogo. E o MP, que deveria ser um órgão independente, aparece convenientemente com um parecer que favorece a narrativa do derrotado. Coincidência?

A pergunta que não quer calar: se Marco Alba tivesse vencido, teríamos esse parecer? A resposta, ainda que subentendida, é óbvia para qualquer observador atento da política. É muito fácil enxergar a tentativa de Alba de ganhar o que não conquistou pelo voto, usando o Ministério Público como ferramenta para deslegitimar a vitória de Zaffalon. O parecer do MP vem vestido de um manto técnico, mas a sua essência parece ser puramente política. É o clássico jogo do “tapetão”, onde a soberania do voto popular é atacada por manobras jurídicas rasteiras.

Não bastasse isso, há uma narrativa incoerente nas acusações. A questão da doação de motos à Associação de Resgate Metropolitano Anjos do Asfalto, por exemplo, é apresentada como uma ação com finalidade política, mas os fatos mostram outra história. A doação foi aprovada antes mesmo do período eleitoral, e não há provas concretas de que tenha havido favorecimento de Zaffalon com essa ação. O MP trata como “gravíssimo” o uso de redes sociais por servidores, mas esquece que, no mundo moderno, a linha entre o público e o privado nas redes é tênue. A simples gestão de perfis não é, por si só, prova de crime eleitoral. Precisamos de mais do que isso para condenar um prefeito eleito pela soberania das urnas e a vontade popular.

O que vemos aqui é um Ministério Público que, em vez de zelar pela justiça, parece disposto a minar a escolha dos eleitores. E isso levanta uma questão ainda mais grave: qual o papel do MP no cenário eleitoral? Estaria o órgão agindo de forma neutra ou se tornou uma peça no jogo de poder? O silêncio sobre as manobras de Marco Alba durante o processo eleitoral, seguido de um parecer tão conveniente após sua derrota, levanta suspeitas legítimas de que algo muito maior está em curso.

A democracia não é perfeita, mas é o melhor sistema que temos, e ela se sustenta na vontade popular expressa nas urnas. Quando um candidato derrotado tenta ganhar no tribunal o que não conquistou nas urnas, ele não está apenas desrespeitando seu oponente; está desrespeitando a escolha de toda uma população. Gravataí já escolheu seu prefeito, e cabe ao Ministério Público respeitar essa escolha, em vez de se curvar a interesses obscuros.

Que fique claro: qualquer tentativa de reverter o resultado legítimo da eleição será vista como um ataque direto à democracia. E não se enganem, a população está atenta. O tapetão pode ter funcionado no passado, mas hoje, mais do que nunca, a sociedade exige respeito à sua vontade soberana. Marco Alba perdeu. Que ele tenha a dignidade de aceitar o resultado e deixar Gravataí seguir seu rumo, sem manipulações, sem pareceres obscuros e sem conluios nos bastidores.

A democracia vence nas urnas. O resto é cortina de fumaça.

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Wagner Andrade
Wagner Andradehttps://realnews.com.br/
Jornalista e CEO da Real News

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