spot_img
spot_img

Morre a carnavalesca Rosa Magalhães, aos 77 anos

Nesta madrugada, morreu a carnavalesca Rosa Magalhães, aos 77 anos, vítima de um infarto fulminante. Com uma trajetória de mais de cinquenta anos nos barracões da maioria das grandes escolas de samba do carnaval carioca, ela também foi professora na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ).

Rosa iniciou a experiência carnavalesca no barracão do Salgueiro, no início dos anos 70, sob o comando de Fernando Pamplona, seu mestre na EBA, e ao lado de outros gênios, que seriam carnavalescos também históricos, como Arlindo Rodrigues e Joãosinho Trinta. Em 1974, assinou o carnaval da Beija-Flor. Em 1978, sua primeira passagem pela Portela.

A primeira glória e os enredos culturais

A primeira vitória veio, ao lado de Lícia Lacerda, com o Bumbum Paticumbum Prugurundum, em 1982, pelo Império Serrano. Na sequência, a primeira passagem pela Imperatriz Leopoldinense, com o enredo Alô, mamãe (1984) e três carnavais na Estácio de Sá – Tititi do Sapoti (1987), O boi dá bode (1988) e Um, dois, feijão com arroz (1989) – que evidenciaram o talento, a atualidade e o requinte da artista plástica em alegorias e fantasias.

No Salgueiro, que buscava títulos após 15 anos, fez carnavais que relembraram os velhos tempos da Academia do Samba e mostrava que a vermelho e branco estava bem próxima de um título que viria em questão de anos. Sou Amigo do Rei (1990) e Me Masso se Não Passo pela Rua do Ouvidor (1991), apesar do terceiro lugar e vice-campeonato, respectivamente, demonstraram a maturidade da professora dos barracões e que a futura vitória salgueirense passaria por outros quesitos.

A Imperatriz dos carnavais

A volta à Imperatriz Leopoldinense, em 1992, marcou uma parceria de sucesso. Na verde, branco e ouro de Ramos, conquistou cinco campeonatos. Desenvolveu os enredos em fantasias e alegorias marcadas pelo luxo, bom gosto e o apuro em cada detalhe.

Trouxe histórias pouco conhecidas, que consagraram o primeiro bicampeonato da Rainha de Ramos: Catarina de Médicis na corte dos Tabajeres e Tupinambôs (1994) e Mais Vale um Jegue que Me Carregue que um Camelo que Me derrube lá no Ceará (1995). Alguns anos depois, mais três títulos consecutivos, com a expedição cultural holandesa de Nassau (1999), a visão carnavalesca dos 500 anos do Brasil (2000, diferente da versão ufanista da Mocidade campeã em 1979) e a cana-de-açúcar (2001).

Deixou a escola após o carnaval de 2009 e retornou em 2022, com o enredo sobre Arlindo Rodrigues, abrindo os desfiles pós-pandemia e com o samba de apenas um compositor, o multicarnavalesco Gabriel Mello.

A Rosa de diversos barracões

Assinou desfiles de diversas escolas, como o Dom Quixote pela União da Ilha (2010), os cabelos ao vento, a história de Angola e a campeã Festa no Arraiá pela Vila Isabel (2011-2013), a Festança Brasileira na Mangueira (2014), três carnavais pela São Clemente (2015-2017), dois na volta à Portela (2018-2019) e a injusta queda da Estácio (2020).

No carnaval paulista, supervisionou os enredos da Barroca Zona Sul sobre Pelé (2003), e da Dragões da Real, em 2014, Museu das Grandes Novidades, conquistando o quarto lugar.

Encerrou sua gloriosa carreira na Paraíso do Tuiuti, que abriu o segundo dia de desfiles em 2023 e ficou em oitavo lugar, com o enredo O Mogangueiro da Cara Preta, sobre a chegada e o desenvolvimento do gado bubalino na Ilha de Marajó.

spot_img
Ney Junior
Ney Juniorhttps://realnews.com.br
Jornalista, apaixonado por Futebol, Música e Cultura

LEIA MAIS

- Conteúdo Pago -spot_img