O crime organizado e seus defensores

Nunca ficou tão claro que 236 deputados federais, de um plenário de 513, são coniventes com o crime organizado. Um percentual vergonhoso de 46% da Câmara dos Deputados. Foram 79 ausências, 28 abstenções e 129 votos contra a prisão do colega Chiquinho Brazão, chefe de milícia no Rio de Janeiro e um dos mandantes do assassinato covarde da vereadora Marielle e seu motorista Anderson, junto com seu irmão Domingos Brazão, político e conselheiro do Tribunal de Contas do RJ, e do delegado Rivaldo Barbosa, nomeado chefe de polícia do RJ um dia antes dos assassinatos pelo interventor federal na época, o general Walter Braga Neto, vice-presidente na chapa do Bolsonaro na última eleição presidencial.

Nada justifica o injustificável. A tentativa desses deputados de acobertar e libertar um bandido, derrotada em plenário pela maioria de 277 deputados, não parece vingança contra o STF, parece mais uma defesa de si próprios. O que leva a crer que falta aprofundar mais as investigações e ver se não há mais mandantes a serem descobertos e punidos.

Esses mesmos deputados, disfarçados de defensores da moral e bons costumes, bradavam pelos corredores do Congresso que “bandido bom é bandido morto”. Não passam de hipócritas, no mínimo, e parceiros de crimes, no máximo. Não tem desculpa votarem pela liberdade do mandante de um crime brutal de ampla repercussão nacional e internacional.

Abaixo alguns dos deputados que votaram pela absolvição do deputado federal Chiquinho Brazão:

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Pastor Marco Feliciano (PL-SP), Ricardo Salles (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Gustravo Gayer (PL-GO), Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), General Pazuello (PL-RJ), Osmar Terra (MDB-RS), Zé Trovão (PL-SC), Carolina de Toni (PL-SC), Mario Frias (PL-SP), Helio Lopes (PL-RJ), Chris Tonietto (PL-RJ), Luiz Phelippe de Orleans e Bragança (PL-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ), Delegado Éder Mauro (PL-PA), Alberto Fraga (PL-DF), Bia Kicis (PL-DF), Abilio Brunini (PL-MT), Bibo Nunes (PL-RS), Alexandre Ramagem (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Carlos Jordy (PL-RJ), entre outros deputados bolsonaristas.

Se a memória do eleitor e seu senso de justiça não forem corroídos por fakenews, esses deputados terão dificuldade em se reeleger nas próximas eleições.

 

Foto do plenário da Câmara dos Deputados.

spot_img
Ricardo Azambuja
Ricardo Azambujahttps://realnews.com.br/author/rica/
Jornalista e bancário, formado em Economia na UFSC, com pós-graduação em Ecologia e Cinema. Trabalhou como repórter, redator e subeditor de Variedades no jornal Diário Catarinense e escreveu matérias sobre politica para o blog O Cafezinho

LEIA MAIS

- Conteúdo Pago -spot_img