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Páscoa de Ressureição e de Justiça por Marielle

Depois de seis anos, admito que minha satisfação com a prisão dos mandantes da morte de Marielle Franco é parcial. Existe uma cadeia, tanto literal quanto conotativa, que está aberta em uma rede de interesses que não se limitam apenas à questão fundiária, algo que também preocupa a família da vítima.Vamos relembrar o óbvio: a família Bozo é defensora e parceira de grupos de extermínio. O assassino, Ronnie Lessa, que morava no mesmo condomínio do genocida, em sua delação premiada, apontou Domingos Brazão, do Tribunal de Contas do RJ, e seu irmão, Chiquinho, Deputado Federal e matador de aluguel do escritório do crime, como planejadores e mandantes do assassinato de Marielle e Anderson Gomes. Se tudo isso estivesse em um “Power Point”, seriam indícios, ligações indiretas ou convicções que a família miliciana não poderia ignorar?Quanto ao mandante, delegado Rivaldo, nomeado pelo futuro ministro de Bolsonaro, Braga Neto, isso seria irrelevante? Pergunto-me sobre o grande poder que um ministro da Defesa Civil tem e como isso pode ser um grande prêmio. Sobre o perfil psicológico de Rivaldo, a psicanálise tem importantes considerações: Sabemos que um psicótico se apresenta sem fingimentos com seus delírios e alucinações, sendo muito verdadeiro. Os neuróticos atuam muito, são atores que, divididos entre seu desejo e demanda de aprovação, atuam até muito bem, mas se deixam trair com seus sintomas, como atos falhos e chistes.Agora o perverso não é canastrão; interpreta com muita competência e narcisismo patológico para garantir seu prazer, desmentindo a lei. Rivaldo se mostrou assim: ilustrando o clássico adágio popular “mata e chora no enterro”. No caso, atuou “mega empático” e consolador da família de Marielle Franco, de modo repugnante! Esta dissimulação e blindagem, que se sustentaram durante os anos de Bolsonaro no poder, nos levam a inferir que a perversão e o jogo de interesses podem ter “peixes” maiores, inclusive por coabitarem um “aquário-condomínio”. A investigação da rede miliciana e suas conexões com o poder, que sempre esteve protegida e protegendo, deve continuar. Que o sábado seja de aleluia e o domingo de ressurreição, pelo avanço da justiça que se apresenta, sem anistia para os “Bozo-Barrabás” e seus milicianos.

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Gaio Fontella
Gaio Fontellahttps://realnews.com.br/category/opiniao/blog-do-gaio/
Gaio Fontella (Psicólogo, psicanalista, graduado e pós-graduado pela UFRGS, comentarista e produtor do “Café com Análise”, no Youtube.
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