Em entrevista concedida nesta segunda-feira (11), o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, revelou planos ambiciosos para melhorar o atendimento à população. A autarquia pretende empregar inteligência artificial (IA) para agilizar a concessão de benefícios e, ao mesmo tempo, evitar possíveis fraudes.
Com o objetivo de diminuir as longas filas de espera, a gestão atual do INSS implementou mudanças nas regras para concessão do auxílio-doença. Agora, os beneficiários podem solicitar o auxílio remotamente, utilizando o sistema Atestmed para análise documental.
Embora a medida tenha acelerado o processo, surgiram preocupações sobre a possibilidade de aumento de fraudes, devido à ausência de perícia presencial. Stefanutto tranquiliza, explicando que a inteligência artificial desempenhará um papel crucial nesse contexto.
“A inteligência artificial é uma necessidade. O médico perito não tinha um banco de dados para comparar a letra do atestado, saber se fugia do padrão. A inteligência artificial vai sendo alimentada e consegue comparar esses padrões”, esclareceu o presidente.
A IA identificará indícios de fraudes em informações como hospital de emissão do atestado, estado, número do CRM (Conselho Regional de Medicina) e assinaturas. Além de aprimorar a eficiência na concessão de benefícios, a tecnologia também contribuirá para a redução dos gastos públicos.
Stefanutto destacou que as tentativas de fraude já ocorriam antes da implementação do novo sistema. Com o antigo modelo, que exigia perícia presencial, muitas vezes os cidadãos passavam pelo processo quando já não estavam incapacitados, resultando apenas em análise documental.
O Atestmed está em pleno funcionamento desde setembro deste ano, e a gestão do INSS afirma que a mudança possibilitou a redução do prazo médio de concessão de benefícios de 150 para 50 dias.
Ainda segundo Stefanutto, o INSS busca diminuir o prazo médio para 45 dias, conforme solicitado pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, até o final de 2023. Para 2024, a meta é alcançar a concessão em 30 dias.
O presidente ressaltou que a concessão remota do auxílio-doença permite ao instituto realocar recursos para atender a outros pedidos, como o Benefício Assistencial à Pessoa (BPC/LOAS), que requer perícia. Essa estratégia tem contribuído para a redução dos prazos em diversos benefícios.
O próximo passo para agilizar a concessão do auxílio-doença é a implementação do atestado eletrônico, em colaboração com o Ministério da Saúde. Stefanutto enfatizou que a IA será fundamental para evitar fraudes quando o novo modelo for adotado.
O INSS mantém diálogo com empresas, incluindo a Dataprev, para a implantação da inteligência artificial. Além disso, entre as medidas estruturantes, Stefanutto celebrou a aprovação de 1.250 funcionários para o INSS neste ano, e indicou a possível convocação de mais 1.800 nomes já aprovados em 2024.