Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que, no mês de agosto, os comportamentos dos preços de alimentos e bebidas desempenharam um papel fundamental na manutenção da inflação em níveis mais baixos para as famílias de renda mais baixa, em comparação com as famílias de renda média e alta. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira, 14 de setembro.
Segundo o levantamento, a inflação para as famílias com renda domiciliar muito baixa, aquelas com renda inferior a R$ 2.015, foi de apenas 0,13% em agosto, ficando abaixo dos 0,23% registrados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é considerado a inflação oficial do país e é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em contrapartida, as famílias de renda média alta, com renda entre R$ 10.075 e R$ 20.151, enfrentaram uma inflação de 0,32% no mesmo período.
O alívio inflacionário em agosto foi liderado pelas deflações em alimentos e bebidas, ou seja, uma redução nos preços desses produtos. Os principais destaques foram as quedas de preço em tubérculos (-7,3%), carnes (-1,9%), aves e ovos (-2,6%) e leites e derivados (-1,4%). Dado que uma parte substancial do orçamento das famílias de baixa renda é destinada à alimentação, a deflação desses itens teve um impacto significativo nas despesas dessas pessoas.
Por outro lado, o aumento de 4,6% nas tarifas de energia elétrica, com seus efeitos mais acentuados no grupo de habitação, teve um impacto desproporcionalmente maior na inflação das famílias de menor poder aquisitivo. Isso se deve ao fato de que essas classes gastam uma parcela maior de seus orçamentos na aquisição desse serviço, como explicou a pesquisadora Maria Andreia Lameiras no estudo.
Considerando os últimos 12 meses, observa-se que o padrão de inflação mais alta para famílias de maior renda domiciliar se mantém. Enquanto o IPCA acumulado é de 4,61%, as famílias mais pobres enfrentaram um aumento de preços de 3,70%. As famílias de renda baixa (4,04%) e média baixa (4,49%) também apresentaram taxas de inflação abaixo do IPCA.
De acordo com a classificação do Ipea, famílias de renda baixa têm renda domiciliar entre R$ 2.015 e R$ 3.022, enquanto famílias de renda média-baixa têm renda entre R$ 3.022 e R$ 5.037. Por outro lado, os brasileiros pertencentes a famílias de renda domiciliar alta, com renda acima de R$ 20.151, enfrentaram a maior inflação nos últimos doze meses, registrando um aumento de 5,89%.



