O ex-jogador de futebol e empresário Ronaldo de Assis Moreira, popularmente conhecido como Ronaldinho Gaúcho, prestou depoimento hoje à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras. Em uma sessão marcada por perguntas incisivas e respostas evasivas, Ronaldinho negou ser fundador ou sócio da empresa 18k Ronaldinho Comércio e Participações Ltda, desmentindo o que havia sido alegado pelo comitê investigativo.
O depoente afirmou categoricamente: “Eu nunca fui sócio da empresa 18k Ronaldinho Comércio e Participações Ltda. Os sócios de tal empresa são os senhores Raphael Horácio Nunes de Oliveira e Marcelo Lara Marcelino. Eles utilizaram indevidamente meu nome para criar a razão social dessa empresa”. Ronaldinho alegou ter sido enganado por seus sócios e reiterou que nunca autorizou o uso de sua imagem e nome pela referida empresa.
Ronaldinho explicou que sua relação com a 18k envolveu acordos para o uso de sua imagem em produtos como relógios. Ele detalhou que, em 2016, celebrou um contrato com a empresa americana 18k Watch Corporation para o desenvolvimento de uma linha de relógios com sua imagem. Posteriormente, em julho de 2019, firmou contrato com a empresa brasileira 18k Watch Comércio Atacadista e Varejista de Negócios, propriedade de Marcelo Lara, permitindo o uso de sua imagem em outros produtos além de relógios. No entanto, ressaltou que esse contrato foi rescindido em outubro de 2019 antes de ser implementado.
O jogador afirmou ter descoberto o uso indevido de sua imagem pela 18k Ronaldinho Comércio e Participações Ltda em 2020, quando seu irmão Roberto de Assis Moreira trouxe o assunto à sua atenção. A empresa estava envolvida em transações de criptomoedas, o que resultou em uma investigação federal sobre sua operação como pirâmide financeira.
A sessão também abordou questões delicadas sobre o conhecimento de Ronaldinho acerca da situação da empresa e as ações que tomou em relação a isso. O ex-jogador evitou responder várias perguntas que sugeriam seu conhecimento sobre as atividades da empresa e suas obrigações em relação aos investidores prejudicados. Isso gerou frustração entre os membros da CPI, que buscavam esclarecimentos diretos.
O deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), presidente da CPI, questionou diretamente a Ronaldinho sobre a acusação que ele enfrenta do Ministério Público Federal em relação à 18k Ronaldinho. Ronaldinho optou por permanecer em silêncio, assim como quando questionado sobre o ressarcimento aos investidores prejudicados e sobre seu possível envolvimento em propagandas da 18k Ronaldinho.
A sessão também trouxe à tona questionamentos sobre o porquê da ausência de registros oficiais de sua associação com a empresa na Receita Federal e na Junta Comercial do Estado de São Paulo. Novamente, Ronaldinho preferiu não responder.
O depoimento se estendeu com acusações sobre a inação de Ronaldinho diante do uso indevido de sua imagem para promover a empresa. Os parlamentares argumentaram que ele deveria ter tomado medidas legais para proteger sua imagem e os investidores, especialmente após as atividades ilícitas da empresa terem sido divulgadas.
Ronaldinho, em suas últimas palavras na sessão, expressou sua tristeza pelas vítimas da empresa e reforçou sua determinação em ver a situação esclarecida e os culpados responsabilizados.
A CPI das Pirâmides Financeiras foi instalada em junho deste ano e tem como objetivo investigar esquemas fraudulentos envolvendo criptomoedas. A comissão terá 120 dias para concluir suas investigações, prazo que pode ser estendido por mais 60 dias mediante requerimento de 1/3 dos deputados.
O depoimento de Ronaldinho Gaúcho gerou debates acalorados entre os membros da CPI, com alguns defendendo sua imagem e outros questionando sua responsabilidade diante do caso. A investigação continua em andamento, com esforços para localizar os sócios da empresa 18k Ronaldinho Comércio e Participações Ltda.
