Em uma reviravolta no caso envolvendo o advogado Frederick Wassef, conhecido por sua ligação com a família Bolsonaro, uma busca pessoal foi conduzida pelas autoridades na noite de quarta-feira (16), após ele admitir ter desembolsado quase US$ 50 mil para recomprar um relógio de luxo que havia sido vendido de forma irregular por assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A operação, autorizada pela Justiça, foi conduzida pela Polícia Federal (PF) e resultou na localização de Wassef em uma churrascaria dentro de um shopping na Zona Sul de São Paulo. Durante a busca, quatro celulares foram apreendidos, sendo dois encontrados no bolso do advogado e outros dois em seu veículo, que também passou por revista.
Embora surpreendido com a abordagem policial, Wassef não ofereceu resistência, de acordo com testemunhas presentes no local.
A ação ocorre após a PF deflagrar, na última sexta-feira (11), uma operação que investiga a venda e recompra irregular de joias destinadas ao governo brasileiro. No entanto, Wassef não foi encontrado durante essa operação, o que motivou a busca pessoal nesta quarta-feira.
O relógio em questão é da renomada marca Rolex e foi originalmente presenteado por autoridades sauditas a Jair Bolsonaro durante uma viagem oficial em 2019. Posteriormente, o relógio foi ilegalmente levado aos Estados Unidos, onde foi vendido por Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, de acordo com as investigações da PF.
A situação ganhou atenção quando o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que Bolsonaro entregasse ao tribunal um conjunto de joias suíças da marca Chopard, feitas em ouro branco, que haviam sido presenteadas pelo governo da Arábia Saudita durante a viagem oficial. Após a revelação da existência do Rolex, assessores de Bolsonaro entraram em ação para recuperar o relógio, com Wassef sendo apontado nas investigações como o responsável por viajar aos Estados Unidos para essa finalidade.
A PF identificou múltiplas interações entre Wassef e Mauro Cid na época em que o relógio foi recuperado, e documentos mostram que Wassef viajou para os Estados Unidos em 11 de março.
Nos últimos dias, o advogado tem dado diferentes versões sobre a recompra do relógio. Em uma declaração anterior, no domingo (13), Wassef afirmou: “Nunca vendi, ofereci ou tive posse de nenhuma joia. Nunca participei de nenhuma negociação e não auxiliei em qualquer venda, seja direta ou indiretamente”.



