Natural da cidade de Ibarama, Ederson Knirsch, nascido em 22 de agosto de 1978, filho de Nelson Alfredo Knirsch e Lúcia Schvetock Knirsch, preconiza uma história de superações.
Ederson vem de uma família de três irmãos: Lisete Lenise, Sandra Mônica e Ederson. Sandra faleceu aos 9 meses, em um dia de Natal, antes de Ederson nascer. De origem germânica, batizado católico numa família tradicional.
Quando criança, Ederson construia os próprios brinquedos para brincar, mas como toda criança, ele lembra com carinho das caçadas de bodoque, jogos de bulita, banho de rio, pescaria, subir nas árvores, andar de carreto, visita aos familiares, sendo muitas vezes de carroça por conta da distância. De caçar ratos no paiol em dias de chuva, descascar e debulhar milho a mão até fazer bolhas. Mas não é só disso que Ederson sente saudades: “Saudade dos pães no forno de tijolo que a mãe fazia e depois que tirasse, ainda com o forno quente, as batatas doces que lá se cozinhava. Quando se matava um porco, se dividia com os vizinhos, pois não se tinha geladeira para guardar e quando eles também carneavam, da mesma forma dividiam conosco. Da carne que sobrava, fritava-se no panelão e se guardava com banha na lata.”
Aos 10 anos de idade, Ederson ganhou de seu pai seu primeiro pedaço de terra para roçar e plantar feijão. “Meu sonho era uma bicicleta. Deu seca na época da floração, mas mesmo assim consegui comprar uma monareta usada”, conta Ederson.
Poucos moradores daquela localidade chamada de Linha São Pedro, interior de Agudo – RS, tinham energia elétrica. Mas, um morador próximo chamava atenção. Enquanto nós à luz de lamparinas, a casa deles propagava uma luz mais forte.
A família Wendt havia construído, num pequeno córrego, uma usina elétrica que com a força da água girava um “dínamo” gerando energia que abastecia a propriedade.
Foi nesta época, por volta do ano de 1985, que Ederson conheceu a geladeira, a televisão e outros itens elétricos.
Uma de suas “artes” que ele recorda, foi o dia que Ederson aproveitou que seus pais foram para a roça e pegou o único rádio (a pilha) que tínham e o desmontou a fim de encontrar as pessoas que falavam através dele.
Sua família era de condição financeira restrita. Seus pais trabalhavam na agricultura e mal conseguíamos para subsistência. “Meu começo de escola (1985) foi de traumas. Deixar o pai a mãe ainda no clarear do dia e percorrer o caminho a pé cuja distância era de 4 km até a chegada da escola Arroio Grande era muito exaustivo. Foi em uma única sala que o professor Enoir Drews trabalhava todas as disciplinas da primeira a quinta série.
Já na sexta série do ensino fundamental do colégio Sete de Setembro, de Picada do Rio, que a distância a ser percorrida aumentou para 7 km, sendo que no inverno daquele mesmo ano (1991) fui evasivo.” Foi nesse mesmo ano, num trágico acontecimento, que Ederson perdeu sua avó paterna, aos 71 anos. Após essa fase, Ederson e sua família retornaram a Ibarama, sua terra natal.
Aos 12 anos, a vida de Ederson começava a tomar um rumo diferente. Melhores condições de vida. O jovem começou a trabalhar junto na propriedade com a lida do tabaco,e, a partir daí, começava a entender melhor a vida financeira e social.
No ano de 1992 aconteceu a retomada da sexta série na escola Catarina Bridi, até conclusão do segundo grau. Foi também nesse período que Ederson começou a notar que sua voz, ainda que tímida, chamava atenção.
No segundo ano do ensino médio, um promotor vocacional visitou a escola que Ederson frequentava e o convidou para estudar em Vale Vêneto a fim de descobrir sua vocação.
O convite era para a descoberta vocacional. No ano de 1997 Ederson ingressou no colégio Rainha dos Apóstolos. Ele teve a alegria de partilhar a vida com representantes de 12 estados do Brasil, cuja experiência trouxe a oportunidade cultural, aprofundamento da espiritualidade, estudo de línguas: espanhol, italiano, grego e latim e música, bem como inserção da vida comunitária naquele povoado.
Os dois anos seguintes (1998-1999) foram importantes divisores. Com o estudo da filosofia no colégio Máximo Palotino em Santa Maria, vieram os questionamentos sobre a vida (vocação), expansão do conhecimento e uma tomada de consciência no âmbito do “mito da caverna.” Uma verdadeira revira-volta.
Com o olhar vigilante dos padres (formadores), uma luta pela busca da liberdade e a convivência entre quase 200 estudantes, agora de nacionalidades diferentes como do Chile, Argentina, Uruguai e México,fizeram-me perceber minha inserção num universo de conhecimento sem limites, apenas limitado a crenças desmistificando-os.
A exigência acadêmica foi uma oportunidade de crescimento intelectual. Madrugadas incontáveis, e diversas dificuldades o fez ainda mais forte.
Em 2001, retornou para sua cidade natal e trabalhou como professor e formador em escolas locais. Durante um evento de sonorização, foi descoberto por uma equipe de transmissão de rádio e chamado para uma entrevista na Rádio Sociedade Sobradinho, onde começou sua carreira na rádio.
No ano de 2003, ele mudou-se para a cidade de Sobradinho, trazendo consigo uma boa bagagem de conhecimento que o tornava um comunicador de rádio em formação. Começou então a apresentar um programa matinal chamado Alto Astral na rádio Jacuí FM, com duração de duas horas, enquanto também desenvolvia sua locução na rádio Sobradinho AM. Nesse mesmo ano, ele casou-se com Carline Elise Torcatto e juntos planejaram a formação de sua família, que logo se tornou realidade com a chegada de seus filhos João Lucas e Maria Heloísa. Sua formação seminarística o levou a integrar o grupo São Pedro como mestre de cerimônia de despedida em 2018, enfatizando sua espiritualidade. Hoje, em 2023, ele olha para trás e percebe que todos os acontecimentos que enfrentou o ajudaram a aprimorar sua personalidade e a buscar conexões, sendo grato por cada experiência vivida.
Ederson também sofreu com o impacto da pandemia de covid-19 em todo o mundo, que causou milhares de mortes desde sua chegada em 2019. Ederson também foi afetado pelas consequências da pandemia, tendo sido internado por alguns dias e experimentado seus efeitos posteriores. Oito meses depois, ele sofreu um infarto que quase lhe custou a vida.
Com 44 anos e 8 meses de idade, ele aprendeu uma grande lição: paciência e persistência, fé e confiança. Ele acredita que a vitimização e terceirização dos problemas impossibilitam o caminho do sucesso. Mesmo que a história de vida de uma pessoa seja marcada por muitos eventos negativos que afetam a construção da personalidade, é importante ressignificar a existência e olhar para as situações problemas de cima, dando um novo sentido às experiências futuras.
“Nunca se é velho demais ou jovem demais para amar, dizer uma palavra gentil ou fazer um gesto carinhoso. Não olhe para trás. O que passou, passou. Olhe para frente!
Ainda é tempo de apreciar as flores que estão inteiras ao nosso redor. Ainda é tempo de voltar-se para dentro e agradecer pela vida, que mesmo efêmera, passageira, ainda está em nós.”
Autor desconhecido