spot_img

O pai da criança e o DNA da politicagem

Eu presto meu profundo respeito a todos os vereadores, ainda que não concorde com as posições adotadas por alguns deles. Por vezes, “cutucadas” são necessárias, e nesse sentido recordo as palavras proferidas por um Ministro do Supremo Tribunal Federal em uma decisão acerca da liberdade de imprensa:
“E, desde o Império – lembro-me bem que a história registra que um certo chefe do gabinete foi ao Imperador pedir a ele que restringisse a imprensa, ao que o Imperador teria respondido: como é que eu vou saber o que se passa no meu governo? – a imprensa tem, inclusive, um papel em relação administradores que, muitas vezes, não sabem, como não podem saber, em toda a inteireza, tudo o que se passa.
“Portanto, não apenas para o cidadão, mas para a garantia da cidadania em relação a quem eventualmente exerce os cargos, inclusive os cargos políticos, a liberdade de imprensa é mais que imprescindível para se ter uma verdadeira democracia.
“(…)”

A imprensa possui uma função primordial na gestão pública quando se dedica à crítica com altivez e apresenta à população aquilo que muitas vezes passa despercebido pelos gestores ou vereadores.

Posto isto, gostaria de abordar um tema ao qual me abstive por algum tempo, a saber, o possível estabelecimento de um pedágio na ERS-118, assunto recorrente entre os vereadores de Gravataí. Hoje, noticiamos que o vereador Alan (MDB), com brilhantismo, juntamente com a vereadora Marcia (MDB) e a deputada Patrícia Alba (MDB), anunciaram uma frente parlamentar em defesa do povo gravataiense e dos arredores da Aldeia dos Anjos.

Ao que tudo indica, o vereador Paulo Silveira não aprovou essa iniciativa, apesar de ter sido indicado pelo próprio Alan, na época em que este ocupava a chefia do Legislativo, para participar do movimento. Trata-se, sem dúvida, de um gesto nobre por parte do vereador Alan, que poderia ter agido com interesses pessoais, mas preferiu indicar o colega Paulo com humildade.

Respeito a todos, dialogo com todos e dou voz a todos. Após a nossa publicação, o vereador Paulo entrou em contato comigo para tratar do assunto. Atendi-o prontamente e sugeri que ele enviasse as informações pertinentes. Abaixo, é possível conferir a nota que o vereador enviou.

Ao meu ver, o vereador Paulo deseja ser o pai da ideia, mas não quer se responsabilizar por sua execução. É importante lembrar que essa luta requer união e força, e não discussões acerca de quem é o “pai da ideia”. Se o vereador quiser um teste de DNA, poderá solicitá-lo ao programa do Ratinho, mas, nesse momento, é fundamental unir forças com o vereador Alan, que já se colocou à disposição para ajudar, como comprovado pelo print abaixo do próprio Poder Legislativo:

Observe atentamente que o vereador Alan empenha-se e empenhou-se em dialogar. Fui educado e instruído que uma das prerrogativas da política é a arte da boa convivência, algo que, talvez, o vereador Paulo Silveira careça de compreender.

Na terça-feira passada (22), o vereador Alan chegou a humildemente pedir desculpas ao vereador Paulo, caso este tenha se sentido ofendido. Ou seja, está buscando meios comuns para que todos possam ajudar nesta pauta tão relevante que impacta a economia da cidade. Afinal, o vereador Paulo já realizou mobilizações importantes.

Estou ao lado do Alan, Patrícia Alba e de todos que desejam o melhor para a cidade. Neste momento, o interesse maior não é 2024, mas sim a população de Gravataí.

Por fim, democraticamente, apresento a nota que o vereador Paulo nos enviou. Não tenho nada contra o vereador, mas creio que, para ser pai, não basta apenas gerar, é necessário saber educar. E, neste caso, a criação envolve uma série de fatores mais importantes do que o simples registro da ação. No entanto, esta é apenas minha opinião.

Histórico da Frente Parlamentar Contra o Pedágio na ERS-118
Em maio de 2021, enquanto as pessoas lutavam para sobreviver durante a pandemia e uma grave crise econômica, fomos surpreendidos pela notícia de que o governo do Estado estava preparando um estudo para concessões de diversas rodovias, entre elas a RS-118, rodovia urbana que corta os municípios de Viamão, Alvorada, Gravataí, Cachoeirinha, Esteio e Sapucaia do Sul. Imediatamente, procurei a Acigra e entidades que iniciavam o  Movimento RS-118 Sem Pedágio e propus a criação da Frente Parlamentar Metropolitana Contra o Pedágio, que foi aprovada na Câmara de Gravataí dia 1º de junho daquele ano e é coordenada por mim desde então.
Visitei todas as Câmaras da região e conclamei os vereadores a instalarem frentes parlamentares nos seus municípios para fortalecer essa luta. Ao mesmo tempo, iniciamos um forte trabalho de conscientização da sociedade, com panfleteações e adesivaços, informando a população sobre as consequências negativas de um pedágio na 118.
Coletamos mais de 10 mil assinaturas a um manifesto contra a cobrança e levamos o debate para o âmbito estadual, garantindo grande repercussão na imprensa. O objetivo era somar forças entre entidades, Câmaras de Vereadores e moradores dos municípios cortados pela rodovia para que o governo estadual alterasse o projeto de concessão de rodovias, retirando a implantação de praças de pedágio na ERS-118, rodovia recém duplicada com recursos públicos. 
Com a criação da Frente Parlamentar Estadual em Defesa do Movimento ERS-118 sem Pedágio, proposta pelo então deputado Tiago Simon, fortalecemos ainda mais nossa luta e levamos o debate para a campanha eleitoral. Fui, inclusive, o representante dos municípios no lançamento do colegiado na Assembleia Legislativa. Graças ao Movimento RS-118 Sem Pedágio, do qual nossa Frente Parlamentar faz parte, o governo estadual adiou a decisão sobre o pedágio e os dois candidatos ao governo no segundo turno das eleições comprometeram-se a não pedagiar a rodovia. Infelizmente, estamos vendo o governador Eduardo Leite fazer um malabarismo com a interpretação de texto para tentar justificar uma cobrança via free flow mesmo tendo se comprometido em não fazer a cobrança. No entanto, o tema só está em debate ainda graças à grande mobilização do Movimento, das frentes parlamentares e da sociedade.
Para minha surpresa e dos integrantes do Movimento, o vereador Alan Vieira propôs esta semana a criação de uma nova frente parlamentar sobre o tema na Câmara de Gravataí. Mesmo sabendo de toda nossa atuação contra o pedágio e sendo alertado que já existe um colegiado idêntico no município, insistiu com a proposta. Se tem tanto interesse em barrar o pedágio, o vereador poderia ter participado das nossas dezenas de mobilizações ao longo de três anos e estado conosco desde o início. Toda ajuda é bem-vinda no combate ao pedágio, mas ela deve ser genuína, por acreditar na luta e sem se promover em cima do trabalho já realizado pelos outros.
Paulo Silveira
Vereador de Gravataí e coordenador da Frente Parlamentar Metropolitana Contra o Pedágio na ERS-118
spot_img
Wagner Andrade
Wagner Andradehttps://realnews.com.br/
CEO | Jornalista | Comunicador | Narrador | Te ajudo a fortalecer a marca da sua empresa através da comunicação
- Conteúdo Pago -spot_img