“Me chamo Lisiane, sou mãe de duas crianças que estudam na rede municipal de Gravataí, sendo uma delas, a Valentina, portadora de necessidade especiais (PNE)”.
A educação inclusiva é um direito de todos, independentemente de suas condições físicas, mentais ou sociais. Infelizmente, ainda há muitos desafios a serem enfrentados para garantir que todos os estudantes tenham acesso a uma educação de qualidade.
Valentina é uma das crianças que enfrenta esses desafios. Com 11 anos de idade, ela tem dificuldades motoras, atraso na fala e necessita de cuidados especiais. Ela estuda em Gravataí desde os 5 anos de idade e, infelizmente, a luta de sua mãe para garantir melhores condições para sua filha é diária.
Recentemente, Valentina enfrentou um problema na escola Antônio Ramos da Rocha. Depois de voltar às aulas após um longo período de distanciamento social devido à pandemia, ela encontrou a escola sem monitores disponíveis para as crianças. Isso é inaceitável, principalmente para uma criança com necessidades especiais como Valentina.
Diante dessa situação, a mãe de Valentina, Lisiane, foi chamada para uma reunião com a equipe pedagógica da escola. Durante a conversa com a coordenadora, ela foi informada sobre a falta de monitores para as crianças, o que prejudica o desenvolvimento de Valentina.
É importante ressaltar que Valentina não pode ficar sozinha na sala de aula. Ela necessita de uma monitora para acompanhá-la durante todo o tempo, garantindo sua segurança e bem-estar. Por isso, a falta de monitores na escola é um grande problema.
Graças aos esforços e compreensão da equipe diretiva da escola, Valentina pôde frequentar a escola na quarta-feira (01). Durante o dia, ela foi acompanhada por um monitor e, quando necessário, a escola disponibilizou alguém para ajudar a professora em sala de aula durante as trocas entre as crianças.
Infelizmente, essa situação não é um caso isolado em Gravataí. Muitas outras crianças com necessidades especiais enfrentam dificuldades para ter acesso a uma educação de qualidade. É preciso que as escolas e as autoridades locais tomem medidas para garantir que todos os estudantes tenham as mesmas oportunidades de aprendizado.
A mãe de Valentina, Lisiane, é uma guerreira incansável na luta pelos direitos de sua filha e de outras crianças com necessidades especiais. Em uma entrevista, ela relatou suas preocupações e expectativas em relação à educação em Gravataí.
Segundo ela, é fundamental que as escolas tenham mais profissionais capacitados para lidar com crianças com necessidades especiais. Além disso, é preciso investir em recursos e tecnologias que possam auxiliar no aprendizado desses alunos.
Lisiane também destaca a importância do diálogo entre as escolas e as famílias. É preciso que haja uma comunicação clara e transparente para que os pais possam acompanhar o desenvolvimento de seus filhos e contribuir para o processo educativo.
Confira a entrevista na íntegra:
Real News: Como você descreveria a condição de saúde de sua filha e quais são suas principais necessidades de cuidado?
Lisiane Camargo: A Valentina tem uma alteração cromossômica não nomeada, que foi descoberta ainda durante a gestação. Devido à essa alteração ela tem um atraso motor e mental que faz com que ela evolua diferentemente de outras crianças.
Real News: Como você lida com as dificuldades motoras e atraso na fala de sua filha no dia a dia?
Lisiane Camargo: Ela depende completamente de mim para tudo, por isso tenho que estar sempre junto dando o suporte necessário, alguns familiares que estão acostumados conseguem interagir bem e auxiliá-la.
Real News: Como você se sente ao cuidar de sua filha e quais são seus maiores desafios?
Lisiane Camargo: Cuidar da minha filha é um grande prazer, ela é meu bem mais precioso e poder estar com ela vendo-a evoluir me faz feliz.
O maior desafio que eu enfrento é a exclusão da sociedade no geral, como tudo se torna mais difícil quando se tem uma filha PNE.
Real News: Como você equilibra o cuidado de sua filha com outras responsabilidades cotidianas?
Lisiane Camargo: Desde que a Valentina nasceu eu sabia que ela precisaria de mim para todas as situações, por esse motivo eu eu não trabalho fora de casa pois não existe como deixá-la sozinha ou com alguém.
Real News: Você já buscou apoio profissional ou recursos para ajudá-la no cuidado de sua filha? Se sim, como isso tem sido útil?
Lisiane Camargo: Desde pequena ela frequenta vários profissionais para ajudá-la a evoluir cada vez mais, até os 5 anos teve acompanhamento com fonoaudióloga e terapeuta de estimulação precoce, além de, ainda hoje fazer regularmente fisioterapia para auxiliar na coordenação motora e frequentar médicos especialistas como neurologista, ortopedista, cardiologista, entre outros.
Real News: Como sua filha se comunica com você e como você a ajuda a se comunicar com outras pessoas?
Lisiane Camargo: Ela se comunica através de gestos e até mesmo através da fala com certa dificuldade, atualmente qualquer pessoa consegue compreender minimamente a Valentina, mas estou sempre por perto dando suporte.
Real News: Como você mantém o bem-estar emocional de sua filha e o seu próprio?
Lisiane Camargo: Eu tento sempre validar os sentimentos dela, ajudá-la a se expressar e colocar para fora o que está sentindo, faço com que ela se sinta sempre bem acolhida em qualquer lugar que estejamos. Temos amigos e familiares muito especiais que auxiliam sempre incluindo a Valentina e tornando ela uma criança feliz e realizada. Ela tem tudo o que precisa, todo o conforto e principalmente muito amor e carinho das pessoas ao seu redor. Quanto a mim, eu busco estar sempre com os meus filhos mas também me valorizar e cuidar de mim, pois eu estando bem, estarei forte para eles.
Real News: Quais são suas maiores preocupações para o futuro de sua filha?
Lisiane Camargo: Minhas principais preocupações são que a Valentina fique desamparada ou excluída, vou estar com ela sempre que puder tentando manter um padrão de conforto e felicidade necessários para uma boa qualidade de vida.
Real News: Como você envolve sua filha em atividades que possam ajudá-la a desenvolver habilidades motoras ou linguísticas?
Lisiane Camargo: Tento introduzir essas habilidades no nosso cotidiano, coisas que eu faço sempre incentivo ela a fazer.
Proporcionando experiências e incluindo ela em tudo que eu faço.
Real News: Sabendo de todas as condições especiais de sua filha, o que você sentiu quando foi informada da situação na escola dela?
Lisiane Camargo: Me senti indignada e desacolhida ao saber que não havia um monitor que pudesse estar com a minha filha durante o período de aula. A Valentina precisa de supervisão exclusiva sempre, pois diferente de outras crianças da idade, ela não tem dimensão do perigo.
Quando fiquei sabendo que a escola não tinha esse suporte minha primeira reação foi de querer tirar minha filha dali, pois de certa forma ela estava “sozinha”.
A escola tem professores excelentes que nunca deixariam ela completamente sozinha, mas esses professores precisam cuidar da Valentina e de mais 15 crianças, então não conseguem dar atenção completa para ela.
Nós da Real News torcemos por ti Valentina