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General do Exército defende resultado eleitoral e ataca Bolsonaro

O general Tomás Paiva, Comandante do Exército, defendeu durante uma reunião com subordinados o resultado eleitoral que deu a vitória ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O general afirmou que os militares, após um trabalho de fiscalização, não identificaram qualquer fraude no processo eleitoral. A declaração foi dada no dia 18 de janeiro a oficiais do Comando Militar do Sudeste, pouco antes de assumir o comando da Força. O áudio da reunião foi gravado por um participante e divulgado pelo podcast Roteirices.

Na reunião, o general apresentou um panorama dos acontecimentos políticos dos últimos meses em que militares foram envolvidos em discussões eleitorais. Tomás Paiva citou a interferência política do ex-presidente Jair Bolsonaro nas Forças. Entre as ações apontadas, ele mencionou uma suposta intenção de Bolsonaro de realizar uma motociata na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), vetada pelo comando do Exército, e a mudança do desfile do 7 de Setembro de Brasília para o Rio de Janeiro, onde bolsonaristas realizaram uma manifestação de apoio ao governo.

O general afirmou que houve uma “sensação” de que houve irregularidades nas eleições porque a disputa entre Lula e Bolsonaro foi apertada, mas ponderou que os próprios militares se incumbiram de fiscalizar o processo e não encontraram nada. Tomás lembrou que o mesmo processo que elegeu Lula como presidente também permitiu um Congresso Nacional e governadores conservadores. No entanto, Tomás se referiu à vitória do petista como um resultado que “infelizmente para a maioria de nós foi indesejado”.

O comandante do Exército também se colocou favorável ao voto impresso, bandeira levantada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro por desconfiança no sistema eleitoral eletrônico, e afirmou que era “legítima” a vontade do então mandatário de “aperfeiçoar o sistema”. Ele disse que a opinião interessa como cidadão, e que, como Comandante do Exército, a opinião que interessa é a do Congresso Nacional, que votou contra o voto impresso.

A declaração do General Tomás Paiva gerou polêmica nas redes sociais. Alguns apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro alegaram que ele teria sido “traído” pelo Comandante do Exército, enquanto outros afirmaram que a declaração mostra a independência do Exército em relação ao governo.

É importante ressaltar que a Constituição Federal prevê a atuação das Forças Armadas na defesa da pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. Os militares não têm papel na disputa política e devem permanecer imparciais. O general Tomás Paiva deixou claro que os militares fizeram seu trabalho de fiscalização e não encontraram irregularidades no processo eleitoral. Cabe agora às instituições competentes avaliarem as denúncias de fraude, se houverem, e garantir a lisura do processo eleitoral.

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