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O menino que roubava flores

Eu roubava margaridas, para brincar de “bem-me-quer; malmequer”.

Assim, exercitava o imaginário de ser correspondido ou suportar o desprezo, ainda apostando no teu desejo por mim!

E as “bocas-de-leões” roubadas era o exercício delicado e seguro de dominar feras, num reino que era lúdico, contido, perfumado, delicado, contigo.

Com as flores de Maracujá eu tinha duplo deleite de me apropriar do perfume, de uma beleza efêmera, dos sabores com beijos, que adoçavam minha vida de Dolores.

A Madressilva surrupiada era metáfora materna, pois a dona seria para mim uma flor eterna.

Segui um menino ladrão de flores, roubando as rosas tiradas de Cartola. As minhas falam, embora não exalem mais teu perfume, exiladas, por ti como um meme.

E o meu copo de leite ainda te espera, potente, para por ti ser roubado, reparando o que foi castrado.

Vou também roubar lavandas, para nosso lado criança.

Voltar a dançar cirandas!

Roubar flores é o delito mais honesto do qual não me demito, endereçado com louvores, sem pudores, sanções, a todos os meus amores!

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Gaio Fontella
Gaio Fontellahttps://realnews.com.br/category/opiniao/blog-do-gaio/
Gaio Fontella (Psicólogo, psicanalista, graduado e pós-graduado pela UFRGS, comentarista e produtor do “Café com Análise”, no Youtube.

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