Esse clima tenso e ríspido que tomou conta do Brasil, principalmente nos últimos 6 anos, se tratando de opção política, é resultado de uma falta de formação cidadã adequada, para a maioria do povo, uma vez que todos (sem exceção) que ocuparam o poder no Brasil e fora dele, nunca tiveram interesse de ter um povo informado, educado, culto e com conhecimento, afinal a exploração e desigualdade social faz pilar na ignorância e desconhecimento do povo. Essa situação no Brasil tem criado inúmeros casos de intolerância, brigas, bate bocas e críticas pessoais e ofensivas, que infelizmente tornaram-se rotinas. Temos vários exemplos de casos onde pessoas chegam inclusive a agressões físicas. A questão é como tudo isso começou? Como chegamos a esse ponto?
É lógico que não pretendo responder essas questões de forma pretensiosa ou arrogantemente e fazer uma análise definitiva sobre um tema complexo e delicado como esse, mas convido o leitor – que tenha paciência e ainda sente o prazer da leitura silenciosa – a analisar comigo o que estamos passando.
Em um país onde a educação/ensino em média está abaixo do ideal, é fácil manipular e criar divisões com temáticas, discursos e narrativas segmentadas para dividir as pessoas das mais variadas formas, veja que nos últimos anos o povo foi aos poucos sendo separados por categorias e definições criadas propositalmente, criando assim debates sem fim, sobre temas pouco relevantes na vida prática das pessoas, mas com extenso conteúdo acadêmico debatido por pseudointelectuais. Esses debates, insistentes, saíram das acadêmicas e geraram pautas estatais, que geram normas e leis, atingindo as pessoas de forma geral, muitos não veem sentido nenhum nas teses acadêmicas fabricadas por ideologias fictícias. Nessa mesma linha, quando não temos noção do real, os discursos viram nossa realidade.
Ainda temos o uso da democracia como respaldo para tudo, onde todos gritam e exaltam a democracia, contudo não sabem conviver com as decisões democráticas, afinal logo após o resultado da eleição começam as articulações para impedimentos, queimas ou boicote por parte dos vencidos, assistimos esta reação no atual governo, assim como vivenciamos uma manobra para impedir a conclusão do governo anterior, temos a democracia, mas não a entendemos e aceitamos os resultados. Esta situação não significa que o sistema é ruim, mas que o cidadão não está formado de pleno, prova é a facilidade que grupos políticos manipulam a população para gerar instabilidade, fazendo com que o povo fique contra o próprio povo, sem entender ou perceber o porquê.
A ausência de educação/ensino, de qualidade à todos, nos faz discutir entre direita e esquerda, sendo que foi dando a estas denominações políticas conceitos “à brasileira”. Fazendo um breve resgate histórico, sobre a origem dessas denominações, após a revolução francesa (1789), os parlamentos formados na França entre 1789 e 1799 eram organizados de forma que os representantes da aristocracia se sentavam à direita e os comuns à esquerda do orador. Os aristocratas (organização sociopolítica baseada em privilégios de uma classe social formada por nobres que detém, por herança, o monopólio do poder) defendiam os privilégios da aristocracia, da igreja e a sociedade de classes que existia no antigo regime, ou seja, eram conservadores no sentido de manter as estruturas sociais vigentes. Já os que se sentavam à esquerda representavam os interesses da burguesia ( burguês – ‘habitante livre”, em boa parte mercadores, que foram chamados de burgueses. Essa burguesia comercial, enriquecida pela prática do comércio, foi aos poucos se infiltrando na aristocracia e passou a dominar a vida política, social e econômica a partir da Revolução Francesa), a classe que bancava a aristocracia e a igreja, mas que não tinha poder político. Entre os seus interesses estavam o republicanismo e o livre mercado, fortalecer o comércio e retirar os privilégios das classes que até então dominavam a política. observando as origens históricas constatamos que ambas as classes (atuais ricos e classe média), em nada se compara com os muitos pobres e miseráveis – aliás recomendo muito assistir a peça os miseráveis ou filme um musical excelente sobre a revolução francesa – no Brasil a pobreza é utilizada para alimentar o poder de políticos, que em seu discursos juram de pé junto que representam os pobres, mesmo vivem como aristocratas ou burgueses – o pobre é só os que mantém nessa posição. Aqui, pobre e miséria é o que mantém a roda os mesmos políticos e gestores no poder há décadas, sendo que a população não consegue identificar que é usada há anos. A tristeza maior está ao perceber que a roda continua, e “somos os hamsters que giram no mesmo lugar felizes pelas rações data pelo carcereiro, às vezes” essa doença nos cega, não permite enxergar a verdade, que o conceito de direita e esquerda, seja ele qual for, não atendem em nada as necessidades dos mais humildes, como na França revolucionária, onde o Burgo e Aristocrátas compartilhavam o poder, alimentando a pobreza e simulando um disputa que existia só nas praças, mas no final do dia os Aristocrátas eram alimentados nos restaurantes dos Burgueses, que serviam os ricos, com a produção do pobre, o ciclo da exploração, a roda de hamister.
Saber que o problema dessa desigualdade é consequência da má gestão pública não é novidade, o golpe fatal está na articulação de desviar a atenção do povo, o velho “pão e circo”, no Brasil as distrações está nos conflitos, de raça, gênero, ideologias e cada vez mais categorias e denominações criadas para dividir o povo, pois um povo irado e unido faz história através de revoluções (sociais, culturais, econômicas ou mesmo de luta), contra seus governantes, logo esses abutres que mantém o poder há mais 60 anos, sabem que é necessário “dividir para conquistar” – Júlio Cesar, desmotivar gerações, criar a falsa impressão de renovação, ocupar a mente e o tempo da classe produtiva, através de financiamentos perpétuos de imóveis e veículos, deixando as pessoas cada vez mais presas em rotinas de trabalho, sem tempo para cultura, ensino ou mesmo convivência familiar. Distrair e manter o povo tão cansado e ocupado em brigas inúteis, essa é a estratégia. Fazer o hamster ficar tão preso na rotina, que quando ganhar sua ração vai ser grato e correr mais rápido – injusta a comparação? mas qual seria melhor? Estamos presos brigando uns contra os outros, criando falsos heróis, nossa juventude cada vez mais distante da realidade alienada e influenciada por artistas e mídia promiscua, os jovens líderes contaminados pelas influência dos velhos políticos exploradores do povo. O clima no Brasil é tenso, mas estamos divididos e cansados demais para perceber, ou escolhemos como povo ignorar a realidade. A solução? Concentrar nas próximas gerações com inspiração no que é certo e bons exemplos. Esperamos por dias melhores.