
Pelo menos outras cinco mulheres haviam registrado ocorrência por agressão contra Thiago Guedes Pacheco, 39 anos
Uma investigação da Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) resultou na prisão do músico Thiago Guedes Pacheco, 39 anos, na manhã desta terça-feira (11). O homem, procurado por tentar matar a ex-namorada, estava escondido em um apartamento na Avenida Salgado Filho, no centro de Porto Alegre. Além da psicóloga que foi alvo da tentativa de feminicídio, a repórtagem ouviu outras cinco mulheres que relatam ter sido vítimas do mesmo homem — todas com ocorrências registradas.
A polícia não divulgou o nome do preso, por conta da Lei de Abuso de Autoridade, mas a reportagem apurou que se trata de Pacheco, que estava foragido desde dezembro. A equipe da Delegacia de Capturas, coordenada pelo delegado Arthur Raldi, estava em busca do paradeiro do fugitivo desde que ele teve a prisão preventiva decretada.
Os policiais chegaram ao apartamento por volta das 11h30min. No prédio, a prisão causou surpresa entre os moradores, que acreditavam que o imóvel estava abandonado.
— Ele demonstrou surpresa por termos descoberto como ele estava ali. Muitos moradores acreditavam que o imóvel estava abandonado. Ele não saía, estava recluso — afirmou o delegado.
Em cenário de aumento do número de feminicídios no Rio Grande do Sul em 2020 — em janeiro foram registrados 10 casos contra três no mesmo período do ano passado — o delegado destacou a importância desse tipo de prisão.
— Esse caso demonstra que, apesar do aumento, temos nos dedicado muito a essas investigações — disse.
O preso foi levado pelos policiais para o prédio do Deic, e após deverá ser encaminhado ao sistema prisional.
O caso
Na madrugada de 8 de dezembro de 2019, a psicóloga Nadia Krubskaya Bisch, 36 anos, foi espancada pelo ex-namorado nas proximidades do condomínio onde residia em Porto Alegre. Após esse episódio, Pacheco teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele já havia sido preso anteriormente, em 27 de novembro, por descumprimento da medida protetiva que deveria impedir o músico de se aproximar de Nadia. No dia seguinte, no entanto, a Justiça decidiu soltá-lo, por entender que a psicóloga não estava em perigo, já que mantinha conversas por WhatsApp com o ex.
Segundo o Tribunal de Justiça, “a revogação da prisão ocorreu porque, após, a decretação da medida protetiva, houve encontro consentido entre o casal, combinado por livre e espontânea vontade. Dessa maneira, não sendo caso de quebra da medida protetiva (pois o encontro foi planejado por ambos), a juíza entendeu que se impunha, naquele momento, a decretação da liberdade provisória.” Sobre o fato de a primeira audiência ter sido agendada somente para 15 de janeiro, a Justiça respondeu que “deve-se ao grande número de casos atendidos pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar da Capital”.
Vítimas se uniram
Após Nadia divulgar nas redes sociais a agressão praticada pelo ex, outras mulheres passaram a procurar a psicóloga e relataram ter sido vítimas do mesmo homem. A reportagem ouviu cinco delas — todas com ocorrências por violência doméstica registradas. O Ministério Público também decidiu ouvir todas as vítimas para identificar como auxiliar em cada caso.