No mundo, são mais de 2,4 bilhões de pessoas que fazem uso das redes sociais. Esse fato poderia nos levar a pensar que essa facilidade e o acesso à tecnologia, tenha sido algo que aproximou as pessoas, tornando-as assim, menos solitários. Porém, essa não tem sido a realidade dos seres humanos.
Atualmente, contamos no Brasil com mais de 20 milhões de usuários das redes sociais. Grande parte dessas pessoas são sujeitos que cresceram a partir do fim dos anos 80, onde o mundo passou a ser “abalado” pela internet e games. Ou seja, as pessoas passaram a fazer uso indiscriminado desses recursos.
O uso da internet de forma patológica, já se tornou caso de saúde pública em lugares, como é o exemplo da China. O país já possui mais de 150 centros que possuem como especialidade, o tratamento de pessoas dependentes em jogos virtuais.
Com relação ao sistema fisiológico, é importante destacar que a tecnologia pode causar reconfigurações até mesmo na rotina de seus usuários, como é o caso dos adolescentes – que chegam a dormir cada vez menos, para poder utilizar a internet. O mesmo ocorre com crianças e bebês – o uso muito frequente de smartphones e tablets, pode reduzir o sono em 16 minutos a cada 24 horas.
É preciso levar em conta também, que com o “bum” que a tecnologia trouxe para a comunicação, a sociedade também se transformou: passou a ser conectada em rede, muito globalizada e pouco local. O perigo está no fato de que, longe do controle dos pais e tendo em vista a vulnerabilidade da fase, crianças e adolescentes estão sujeitos a novas formas de relacionamentos – alterando assim, o seu modo de compreender as relações sociais (entre amigos, escola, e educação à distância).
Existem alguns estudos que apontam que o uso abusivo das tecnologias, está contribuindo para a formação de pessoas com tendências narcisistas, mais vulneráveis, sujeitos a transtornos psicológicos e desconectados do mundo real. Além disso, o uso excessivo das redes sociais pode contribuir para o isolamento do sujeito. Muitos pesquisadores constatam que ficar online não diminui o sofrimento da solidão – pelo contrário, pode aumenta-lo.
É relevante citar ainda, que as redes sociais pregam a “ditadura do bem-estar”. Nessa, não há espaço para tristeza – apenas sorrisos, pessoas felizes e amadas. Este também pode ser um fato que contribui para o isolamento das pessoas, na medida em que não percebem o quão irreal isso pode ser, e acabam frustrando-se, por não se sentirem pertencentes a essa atmosfera feliz.
A solidão por meio das redes sociais intensifica-se quando o sujeito acaba simulando uma interação social. Ou seja, substitui a experiência de conhecer e/ou encontrar pessoas em um universo que simula o “mundo real” – ou seja, ficam na era digital, e não interagem no mundo real.
A tecnologia, assim como todos os grandes avanços, é uma ferramenta que vem possibilitar ao sujeito outras formas de ser e estar no mundo. E como diversas coisas na vida, possui seu lado bom e ruim. É importante avaliar, o quanto se tem deixado de viver no mundo real, para viver no virtual. É importante destacar, que embora muito útil, há algo que o mundo virtual não consegue suprir: o calor do abraço humano. Por isso, faça um bom uso da internet, mas não se esqueça do mundo ao seu redor!