A gestão Odorico Roman começou com decisões firmes, e a primeira delas foi encerrar o ciclo de Mano Menezes no comando técnico do Grêmio. A escolha não surpreende, mas marca o fim de uma passagem cheia de obstáculos — muitos deles além do controle do treinador.
Mano reassumiu o clube em abril com a missão de evitar o rebaixamento, quando o Grêmio era vice-lanterna e acumulava atuações frágeis. Encontrou um elenco limitado, sofrendo com lesões e carências em praticamente todos os setores. Tentou alternativas, improvisou, e lidou com cobranças que muitas vezes ignoravam o principal problema: a falta de peças qualificadas.
As eliminações precoces — para o CSA na Copa do Brasil e para o Alianza Lima na Sul-Americana — deterioraram o ambiente. A pressão atingiu o ápice após a derrota para o lanterna Sport, quando Mano colocou o cargo à disposição. A direção bancou sua permanência, e acertou: com reforços pontuais na janela, o time reagiu no Brasileirão e fechou o ano em 9º, com vaga garantida na Sul-Americana de 2026.
O aproveitamento de 46% em 39 jogos é modesto, mas suficiente para a missão principal: permanecer na Série A. Na minha visão, Mano não era o maior problema. O Grêmio pecou mais pela falta de profundidade do elenco — e, não fossem tantas lesões com os reforços da janela de transferências, até uma vaga na Libertadores poderia ter sido possível.
Ainda assim, a nova direção optou por uma ruptura. Luís Castro, que deixou boas impressões no Botafogo, é o nome mais forte para liderar o projeto 2026. A expectativa agora é que, junto com a troca no comando, venha também a tão necessária requalificação do grupo. Sem isso, nenhum treinador fará milagres.
O torcedor gremista entra em 2026 com esperança, mas também com a cautela de quem já viu bons projetos ruírem por falta de planejamento. Resta aguardar se o novo ciclo trará, enfim, competitividade e ambição para brigar forte nas competições nacionais — e quem sabe transformar a Sul-Americana em objetivo real de título.
Foto: Maxi Franzoi



