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O caso Vitalina em Gravataí: quando tudo vira “violência política de gênero

O PT do Rio Grande do Sul divulgou uma nota indignada em defesa da vereadora Vitalina Gonçalves, de Gravataí. Segundo o partido, a parlamentar teria sido vítima de “grave episódio de violência política de gênero” ao ter sua conduta encaminhada à Comissão de Ética da Câmara Municipal. Fala-se em “perseguição”, “uso indevido de instrumentos regimentais” e “tentativa de silenciamento de uma mulher no exercício legítimo de seu mandato”.

Parece grave. Mas aí entram os fatos – aqueles detalhes pouco afeitos à retórica inflamada.

De acordo com a nota de esclarecimento do União Brasil de Gravataí, a história é bem menos épica e muito mais prosaica. A advertência à vereadora e o envio do caso à Comissão de Ética não nasceram de um surto autoritário da Mesa Diretora, mas de episódios concretos ocorridos na própria Casa Legislativa.

Enquanto Vitalina era acompanhada por apoiadores, as colegas vereadoras passaram a ser tratadas pelo grupo como as “4 V’s”: “Vacas, Vendidas, Vagabundas e Vadias”. Não se trata aqui de divergência de opinião ou debate parlamentar mais duro. É agressão direta, misógina, dirigida a mulheres – exatamente o tipo de violência moral que o discurso oficial do PT diz combater.

Houve ainda, relata o União Brasil, um episódio envolvendo uma estagiária do Legislativo, alvo de violência moral e quase física. E o que fez a vereadora diante do tumulto? Em vez de conter o grupo que a apoiava, “limitou-se a assistir”, sem qualquer gesto de defesa das mulheres atacadas ou de respeito à instituição que a abriga – a Câmara Municipal, a chamada “Casa do Povo”.

O ponto central é este: a acusação não recai apenas sobre palavras ditas por terceiros, mas sobre a conduta omissiva da parlamentar, sua tolerância com agressões e seu comportamento reiterado de tensionamento do ambiente político. Não é o “sistema patriarcal” tentando calar uma voz feminina; é o Parlamento reagindo a um padrão de atuação que afronta o decoro, a dignidade da instituição e o funcionamento regular de suas regras internas.

Ainda assim, o PT-RS transformou a abertura do procedimento na Comissão de Ética em “violência política de gênero”, invocando inclusive a Lei Federal nº 14.192/2021, que trata de ações destinadas a impedir, dificultar ou restringir o exercício de direitos políticos das mulheres. A pergunta óbvia é: onde, exatamente, o exercício do mandato da vereadora foi impedido? Houve cassação sumária? Suspensão arbitrária? Impedimento de votar, falar, propor? Não. Houve a adoção dos mecanismos previstos no Regimento para apurar condutas que, em tese, violam o decoro parlamentar.

Em outras palavras: o mesmo Estado de Direito tão evocado na retórica petista está funcionando. E funcionamento do Estado de Direito, em democracia, passa justamente pelo respeito às regras – inclusive quando essas regras alcançam aliados políticos.

O União Brasil, em sua nota, afirma apoiar “a livre manifestação, a luta e o embate parlamentar”, reconhecendo-os como essenciais à democracia e ao pluralismo político. Mas lembra o óbvio ululante: esse embate precisa ocorrer dentro dos limites do Regimento Interno e do respeito às instituições. Não é porque a causa invocada é “a defesa das mulheres” que insultos, ataques morais e desordem em plenário passam a ser aceitáveis.

O discurso de vitimização, aqui, aparece como cortina de fumaça. O partido pinta Vitalina como alvo de perseguição, mas ignora as mulheres efetivamente ofendidas – colegas vereadoras e uma jovem estagiária. Fala em “violência política de gênero” contra uma parlamentar, mas relativiza a violência moral de grupo que, na prática, as reduz a xingamentos de cortiço. É uma curiosa defesa do feminismo: protege-se o discurso identitário, deixa-se de lado a dignidade concreta das pessoas.

A estratégia é conhecida: transformar qualquer questionamento institucional em ataque à “mulher”, ao “pobre”, ao “povo”, à “democracia”. Assim, o que está em análise já não é a conduta de uma representante, mas uma espécie de entidade sagrada. Criticá-la seria, automaticamente, compactuar com opressões históricas. É o truque perfeito para blindar políticos de escrutínio, bastando colar neles um rótulo identitário conveniente.

O que está em jogo em Gravataí não é o direito de Vitalina exercer seu mandato – que segue intacto –, mas a responsabilidade de qualquer parlamentar de zelar pela civilidade mínima no espaço público. A Comissão de Ética não é um pelotão de fuzilamento político; é o foro adequado para que a vereadora apresente sua versão, se defenda e, se for o caso, seja absolvida. Isso é devido processo. Isso é democracia.

Usar a pauta da violência de gênero como escudo para condutas incompatíveis com a ética pública não fortalece a luta das mulheres; a banaliza. Quando tudo vira “violência política de gênero”, nada mais é. A palavra perde força exatamente onde mais faz falta: nos casos em que mulheres são de fato ameaçadas, agredidas ou impedidas de se candidatar e exercer seu mandato.

O Parlamento Municipal – lembra a nota do União Brasil – “não é e não será espaço para desordem, espetáculos ou para quem despreza as regras democráticas”. A Câmara de Vereadores de Gravataí se define como instituição séria, aberta ao diálogo, à defesa de direitos e às lutas sociais, mas não disposta a tolerar agressões ao Estado de Direito. É uma afirmação que, aliás, deveria ser consensual entre todos os democratas, de qualquer partido.

Ao repudiar a nota do PT/RS e apoiar integralmente a decisão da Mesa Diretora, o União Brasil sustenta que reações histéricas de alguns setores apenas confirmam que “segue no caminho correto”. A Comissão de Ética dirá, ao final, se a conduta da vereadora foi ou não compatível com o mandato que exerce. Até lá, convém separar o que é defesa legítima de direitos do que é puro teatro político travestido de causa nobre.

Íntegra da nota de esclarecimento do União Brasil de Gravataí

O UNIÃO BRASIL de Gravataí repudia qualquer tentativa do PT/RS de intimidar o Parlamento Municipal em razão da advertência aplicada à Vereadora Vitalina Gonçalves pela Mesa Diretora da Câmara, bem como de seu encaminhamento à Comissão de Ética.

A narrativa de violência de gênero não se sustenta. Os fatos registrados dizem respeito às ofensas dirigidas às colegas parlamentares por pessoas que acompanhavam a vereadora, chamadas de “4 V’s: Vacas, Vendidas, Vagabundas e Vadias”. Houve ainda episódio envolvendo uma estagiária do Legislativo, alvo de violência moral e quase física, enquanto a vereadora, em vez de conter o grupo que a apoiava, limitou-se a assistir ao tumulto, sem qualquer gesto de defesa das mulheres ou de respeito à Casa do Povo.

A conduta omissiva da parlamentar diante dos ataques e sua postura reiterada de tensionamento afrontam o decoro, a dignidade do Parlamento e o regular funcionamento das instituições. A vereadora imputou falsamente crime ao presidente da Câmara, distorceu decisão judicial para fins políticos e transformou o ambiente legislativo em instrumento de ataques irresponsáveis e não de debate qualificado.

O UNIÃO BRASIL admite e apoia a livre manifestação, a luta e o embate parlamentar, todos essenciais à democracia e ao pluralismo político. Contudo, tais práticas devem ocorrer dentro das regras do Regimento Interno e do respeito institucional que orienta o funcionamento da Casa Legislativa. A vereadora terá plena oportunidade de compreender e responder a essas exigências no âmbito da Comissão de Ética.

A tentativa de vitimização não se sustenta. A parlamentar recorre a encenações, mas não apresenta resultados concretos. O mais grave é utilizar pautas de defesa das mulheres como escudo para condutas incompatíveis com a ética pública.

O Parlamento Municipal não é e não será espaço para desordem, espetáculos ou para quem despreza as regras democráticas. A Câmara de Vereadores de Gravataí é instituição séria, aberta ao diálogo, à defesa de direitos e às lutas sociais, mas jamais tolerará agressões ao Estado de Direito.

O UNIÃO BRASIL apoia integralmente a decisão da Mesa Diretora e repudia a nota emitida pelo PT/RS. Quando determinados setores reagem dessa forma, apenas reafirmam que seguimos no caminho correto.

Gravataí, 19 de novembro de 2025.

Fábio Pereira

Presidente do União Brasil Gravataí

Cláudio Ávila

Vereador Líder da Bancada

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Wagner Andrade
Wagner Andradehttps://realnews.com.br/
Eu falo o que não querem ouvir. Política, futebol e intensidade. Se é pra sentir, segue. Se é pra fugir, cala.
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