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Exército mantém instalações prontas para receber Bolsonaro e militares caso STF determine prisão

Mesmo sob tensão nos bastidores, as Forças Armadas mantêm discreto um plano de contingência para o caso de condenações na ação penal sobre tentativa de golpe de Estado. O Exército Brasileiro conta com alojamentos de Estado-Maior em Brasília preparados para abrigar o ex-presidente Jair Bolsonaro e oficiais de alta patente, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) opte por ordenar a prisão em instalações militares.

São ao menos 20 unidades disponíveis com estrutura privativa — quarto com banheiro, cama, armário, televisão, frigobar e espaço de trabalho. A maioria desses alojamentos está localizada no Setor Militar Urbano, região estratégica da capital federal, onde também funciona o Comando do Exército.

Segundo fontes da Defesa, em todo o território nacional há cerca de 600 organizações militares com alojamentos semelhantes, projetados para receber oficiais em situações excepcionais.

Além de Bolsonaro, que atualmente cumpre prisão domiciliar sob monitoramento externo, outros seis oficiais do Exército encontram-se presos preventivamente. Entre eles, o general da reserva Walter Braga Netto, que está detido em um alojamento militar na Vila Militar, no Rio de Janeiro. O general é um dos nomes centrais entre os réus que começaram a ser julgados nesta semana pelo STF, no mesmo processo em que também responde o ex-presidente.

Além do Exército, a Polícia Federal dispõe de instalações específicas para cumprimento de penas em ambientes diferenciados. No entanto, caso não haja essa destinação, os condenados podem ser transferidos para presídios convencionais, como o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, que possui uma ala especial voltada a presos com prerrogativas legais.

De acordo com uma fonte ligada ao meio militar, o uso desses alojamentos dependerá exclusivamente de decisão judicial. O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, terá autonomia para determinar o local de cumprimento da pena.

No ambiente das Forças Armadas, há uma expectativa silenciosa quanto à condenação dos envolvidos. A tensão aumenta pelo envolvimento de figuras como o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, apontado como integrante do núcleo estratégico da suposta trama golpista.

Apesar do julgamento não ser novidade, o impacto político e simbólico de ver militares da alta cúpula sendo julgados — e possivelmente condenados — mexe com a estrutura interna das Forças. O “espírito de corpo”, elemento tradicionalmente cultivado na formação militar, tem sido posto à prova.

Diante desse cenário, o posicionamento institucional tem sido o silêncio. Não houve, até o momento, qualquer manifestação oficial do Comando do Exército sobre a situação dos presos ou sobre as possíveis decisões do STF.

Além de Braga Netto no Rio, há um oficial detido em Manaus e os demais estão custodiados em Brasília. Outro nome de peso julgado nesta etapa é o do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha durante o governo Bolsonaro.

Segundo avaliação de um oficial de alta patente, mesmo após o julgamento, o clima de tensão deve permanecer. A preocupação não se limita às condenações, mas também aos desdobramentos políticos e às movimentações por uma possível anistia.

A assessoria de comunicação do Exército foi procurada, mas preferiu não se pronunciar até o momento.

Foto: Reprodução

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Wagner Andrade
Wagner Andradehttps://realnews.com.br/
Eu falo o que não querem ouvir. Política, futebol e intensidade. Se é pra sentir, segue. Se é pra fugir, cala.
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