O Grêmio que está em queda livre dentro e fora de campo não é o Grêmio de Mano Menezes. E não — isso não é uma defesa ao treinador. É apenas uma constatação óbvia para quem enxerga futebol além das quatro linhas.
O Grêmio que está afundando é o Grêmio do Alberto Guerra, do Antônio Brum, do Rossato, do Guto Peixoto, do Vivian. É o Grêmio de uma diretoria que se blindou dentro de uma estrutura feudal, onde o que menos importa é o futebol. Um clube que virou máquina de vaidades, controlado por conselheiros que não entendem o que é gerir um ciclo esportivo.
Pode trazer Mourinho, Guardiola, Xavi, Ancelotti. O resultado será o mesmo. Porque o problema não está à beira do gramado — está enraizado nas entranhas administrativas do clube.
O elenco atual do Grêmio simplesmente chegou ao fim de seu ciclo. E a maioria parece saber disso. Não estou dizendo que são jogadores ruins, mas sim que já não há conexão emocional, simbólica ou competitiva com o clube. Eles seguem cumprindo contrato e recebendo em dia — apenas isso. O brilho, a entrega, o medo de perder a camisa? Sumiram.
Ciclos existem para serem encerrados. Uns duram mais, como o de Villasanti. Outros se apagam rápido, como o de Braithwaite. Mas o problema é que, no Grêmio atual, ninguém sabe — ou quer — encerrar ciclos. E quem não sabe encerrar ciclos, apodrece junto com eles.
Hoje, os únicos nomes que ainda representam energia renovadora são os garotos da base: Gustavo Martins, Riquelme, Ronald (que sequer tem chances), Alysson. O resto já está de malas prontas no coração, mesmo que o contrato ainda diga o contrário.
A esperança está na gestão que virá. Marcelo Marques não é político, é gestor. Construiu um império fora do futebol — e talvez tenha justamente por isso a frieza necessária para romper com essa teia de relações podres que se alastrou no clube. O desafio? Não ser engolido pelo sistema.
Porque sim, o sistema no futebol também é brutal. E no Grêmio, ele se esconde atrás de gravatas, de discursos de “tradição” e de reuniões de conselho que não decidem nada além de manter tudo como está.
Chegou a hora de escolher:
Ou o Grêmio vira novamente um clube de futebol competitivo, conectado com a realidade do campo e da arquibancada, ou continua sendo um clube que vive de passado, administrado por quem já não tem medo de perder — porque já perdeu tudo o que importava.
Foto: Lucas Uebel