A III Conferência da Diversidade, ocorrida no último sábado, dia 14, foi marcada por uma abertura e palestras de lideranças importantes, que abordaram as demandas da nossa comunidade em diversas áreas: direitos, saúde, educação, trabalho, empreendedorismo e combate aos preconceitos que atravessam os espaços de saberes e poderes, tanto no âmbito institucional quanto na sociedade civil.
Destaco, entre os palestrantes, a fala de Rafael Mello da Silva, mestre em Ensino na Saúde e especialista em Gestão de Projetos Sociais, que chamou a atenção para a transversalidade da violência, sustentada por uma política antigênero, a qual se agrava para LGBTs negros e indígenas, tendo relevância o “recorte de classe”. (Acrescentaria o quanto tudo isso não está separado da violência moral e psicológica.)
O painelista Thales Ávila Mello, fisioterapeuta e ativista pelos direitos da população trans, trouxe reflexões importantes sobre estímulo à empregabilidade e geração de renda, considerando redes de afeto e territorialidade, em uma Porto Alegre que conta com cerca de 26.657 pessoas que se identificam como “não heterossexuais”.
Na minha breve fala, como idealizador da Feira Baile da Diversidade e do I Fórum de Empreendedorismo LGBT+, destaquei o projeto com foco no potencial gay friendly de Porto Alegre, com parcerias do MUT (Miss Universo Trans) e da Parada de Luta LGBTI+, que se constrói visando alianças no âmbito do Mercosul.
Foi no Eixo II de debates para construção do documento oficial de demandas que me inseri. Procurei reafirmar a importância dos nossos empreendedores e da nossa capacidade de crescimento por meio do turismo, em intersetorialidade com cultura, indústria, comércio, desenvolvimento social e trabalho, tanto nos âmbitos municipal quanto estadual. Com a anuência do meu GT (Grupo de Trabalho), apontei a importância de reivindicarmos o uso de um fundo bilionário de reconstrução, garantindo que nossos pares — que não receberam o Auxílio Reconstrução e estão na “zona de mancha” — tenham acesso a esse benefício. Também destaquei que eventos culturais devem receber mais apoio.
Foram aprovadas moções importantes de apoio às hortas comunitárias e ao primeiro emprego para jovens aprendizes e pessoas maduras (lembrando que a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo traz o tema “60+”, essencial para desconstruir o etarismo, inclusive dentro da própria comunidade).
Da conferência, tivemos importantes aprovações, como a criação de um Conselho Municipal LGBT+, mapeamentos da nossa comunidade, internação humanizada e acolhimento com respeito às identidades de gênero — especialmente à população trans, a mais agredida — num país que mais mata pessoas LGBT+.
O clima da conferência teve momentos calorosos de questionamentos ao regimento, que foram resolvidos de forma democrática. Particularmente, saio feliz, eleito para a conferência estadual. Parabenizo Maria Odete Bento, coordenadora da Diversidade de Porto Alegre, e sua equipe, que muito trabalharam e nos acolheram em um ambiente arquitetonicamente muito bonito, o Ilhota Hub, no Palácio do Comércio, com todas as condições para trocas e deliberações de importantes metas das políticas públicas que seguem para as instâncias estadual e federal.