Enquanto torcedores vibram ou choram com os jogos do Grêmio e Internacional, um detalhe importante passa despercebido até pelos mais atentos: o nome AlfaBet, estampado nas camisas dos clubes, nas redes sociais aparece em destaque com o símbolo ® — sinal de marca registrada. No entanto, juridicamente, a situação não é bem essa.
Uso do ® antes do registro é proibido e pode configurar publicidade enganosa
De acordo com as normas do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o símbolo ® só pode ser utilizado após a concessão oficial do registro de marca. No caso da AlfaBet, o pedido de registro ainda está em exame de mérito — etapa em que o INPI avalia se a marca poderá ou não ser registrada.
Mesmo assim, a empresa utiliza o ® como se o processo já tivesse sido concluído, o que, segundo especialistas, pode configurar uma possível publicidade enganosa. O símbolo transmite ao consumidor a ideia de que a marca está protegida legalmente, quando, na verdade, ainda não há garantia de deferimento.
Além disso, o uso indevido pode gerar possíveis consequências jurídicas importantes, inclusive ações por concorrentes ou órgãos de defesa do consumidor.
O risco: pedido pode ser indeferido e exigir rebranding completo
Caso o INPI entenda que o nome AlfaBet infringe direitos de marcas já registradas, o pedido será indeferido. Nesse cenário, a empresa terá que adotar medidas drásticas:
- Criar um novo nome;
- Desenvolver uma nova identidade visual;
- Refazer o site oficial;
- Ajustar toda a comunicação e peças publicitárias.
Esse processo, conhecido como rebranding, representa um enorme prejuízo financeiro e de credibilidade, especialmente em um mercado tão competitivo quanto o de apostas esportivas. E caso isso aconteça, como ficaria a dupla Grenal neste sentido?
Outro aspecto que chama atenção é a escolha da empresa em estampar apenas a palavra “Alfa” nas camisas, um termo genérico que não indica diretamente o segmento de atuação — o mercado de apostas esportivas.
Além disso, quando iniciou o patrocínio aos clubes, a AlfaBet sequer possuía uma presença digital consolidada. Não havia perfil de grande relevância nas redes sociais, como Instagram, e o site da empresa, quando consultado estava fora do ar, mesmo com as campanhas publicitárias já em circulação. Eu confesso que achei estranho, aliás, continua estranho.
Para especialistas em marketing, esse tipo de estratégia pode ser considerada precipitada, com riscos significativos para a consolidação da marca.
Pressa na exposição pode custar caro
A impressão que fica é que a AlfaBet decidiu apostar alto no patrocínio esportivo antes de estruturar adequadamente sua marca e regularizar a situação jurídica junto ao INPI, o que pode demonstrar um possível despreparo por parte da empresa em relação a sua própria marca.
