Nosso dia de orgulho não é por nos considerarmos superiores a qualquer cidadão, mas pelas lutas históricas que remontam à eclosão de Stonewall, nos EUA, na década de 60. A história do movimento é de avanços, passando por mobilizações importantes como a desestigmatização do “câncer gay” e a quebra de patentes de medicamentos no tratamento do HIV, além de conquistas como o direito à adoção, união civil homoafetiva e criminalização da homofobia.
Na crise das cheias, nossa comunidade sofreu uma soma de violências, lutos e perdas. Precisamos literalmente de palco para reconstruir nossas cores, talentos com trabalho, arte e ativismo criativo.
Estamos contando com a estrutura de nossos maiores eventos no mês do Orgulho, como a Feira Baile da Diversidade da Praça Brigadeiro Sampaio e a Parada de Luta, a terceira maior do país, para dar visibilidade a uma grande campanha de solidariedade.
No dia 28 de junho, estaremos mobilizados por essa causa, com uma proposta que traz massivamente as lideranças e simpatizantes da causa às ruas, em Porto Alegre, capital com maior contingente LGBT+ do país:
17h: Concentração na Esquina Democrática com bandeiras nas cores do arco-íris, cartazes, pirulitos, intervenções e arrecadações solidárias de materiais de limpeza e higiene.
19h: Marcha pela Rua dos Andradas, culminando com performances, roda de conversa e confraternização.
Este é um manifesto pacífico, endereçado também aos simpatizantes da causa, pois estes ajudam na desarticulação do preconceito na família, na escola, no trabalho e na sociedade.
A correlação de forças é crescente, com apoios como os de Maria Odete Bento, Coordenadora de Direitos da Diversidade Sexual e de Gênero da Prefeitura; Gloria Crystal, do Departamento da Diversidade Sexual do RS.
Tivemos grande acolhimento do gabinete do vereador Adeli Sell, que mobiliza a câmara pela nossa causa, com a eficiência de sua assessora, jornalista Andrea Sommer, e de Diogo Baigorra, que produziu nossa identidade visual com sensibilidade.
Contamos com os ativistas dos Direitos Humanos da Assembleia, como Luciana Genro, Leonel Radde e demais militantes na organização e divulgação. Ainda na torcida e apoio, temos Marivane Anhanha Rogério, Prefeita da Praça Brigadeiro Sampaio, e o jornalista e ativista Gil Cunha, da Parada de Luta, que estará comigo na apresentação, além de Gaby Quadras, Rainha da Feira Baile da Diversidade da Praça Brigadeiro Sampaio.
Nosso próximo passo: como dispositivo de luta, por iniciativa da ativista Heloise Leroy, criadora do “Mentes Coloridas” (no YouTube) direto da França, estamos com as lideranças do movimento, preparando um dossiê com nossas demandas em prol das vítimas LGBT+ do Rio Grande do Sul.
Como psicanalista e psicólogo, estarei sempre lutando pela saúde mental, que está carente com o somatório de catástrofes. Tenho a referência freudiana. Ele foi um grande simpatizante, pois desafiou a psiquiatria de seu tempo, retirando a homossexualidade do patológico, algo que ainda resiste nos adeptos da “cura gay” e produz uma subjetividade que chancela a violência no Brasil, país que mais mata homossexuais, travestis e transsexuais.
Com ironia, sempre digo que cura gay é para quem estiver sofrendo no armário. Assumir o desejo é também motivo de orgulho, sem nenhum preconceito, inclusive com a sigla (LGBTQIAPN+), que reflete afirmativamente a multifacetada sexualidade humana.